Diariamente, a Polícia Civil registra pouco mais de sete casos de roubos ou furtos de veículos em Cuiabá e Várzea Grande. O dado é relativo ao primeiro semestre de 2018 e foi disponibilizado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
De acordo com o balanço, apenas no primeiro semestre deste ano foram registrados 2.706 casos de roubos ou furtos de veículos em todo o Mato Grosso. Desses, 1.514 aconteceram ou na capital, ou no município vizinho, Várzea Grande.
Titular da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos Automotores (Derrfva), o delegado Richard Damasceno explicou que muitos desses casos podem sequer ter sido planejados. É a chamada “a ocasião faz o ladrão”.
“Acontece de, às vezes, a pessoa estar ali distraída dentro do veículo, ou com ele aberto. As pessoas quando são abordadas por algum motivo, elas não conseguem estar preparadas para aquilo. Então muitos roubos ocorrem não só pela necessidade de ter um veículo A, B, ou C, mas pela oportunidade. Porque o ladrão sai para roubar e muitas vezes vê o cara ali no Whatsapp, dando mole”, pontuou.
Damasceno também chamou a atenção para o número expressivo de roubos, que significa que houve contato direto do ladrão com a vítima. Na maioria dos casos, os assaltantes estão portando armas. Por isso, ele lembra que a vítima não deve reagir.
[featured_paragraph]“A partir do momento que o cara está com uma arma de fogo, ele é perigoso. Não tem como ser mais ou menos perigoso. Você não sabe o que se passa, ele pode atirar. Já tivemos vários casos”.[/featured_paragraph]
Conforme o delegado, não é possível traçar um perfil dos assaltantes, mas é possível identificar casos semelhantes de roubos, o que pode significar que aconteceram por encomenda de determinado tipo de veículo. Apesar disso, explicou que trabalha cada investigação de forma individual.
Na delegacia, costuma-se trabalhar com três frentes de investigação, sendo elas: 1) carros que são levados para fora do país; 2) carros de fabricação antiga, porém não muito velhos, que são usados para desmonte; e 3) carros roubados que passam por adulteração, que são chamados “veículos dublê”, quando se altera o chassi, falsificam documentos e repassam.
Modernização
Cada vez mais atentos às tecnologias, os criminosos têm modernizado as táticas de roubo, segundo o delegado Richard Damasceno. Ele pontuou que uma cena comum em alguns roubos de veículos em Cuiabá foi a utilização de uma mochila por parte do assaltante. Segundo Damasceno, dentro estaria escondido um bloqueador de rastreador.
“Os assaltantes estão utilizando bloqueador de rastreador em casos de roubos de carros mais caros. Isso acontece porque, quando você vai fazer o seguro, a pessoa já coloca com rastreador. Então impede a localização e retirada”, informou.
Casos
No dia 14 de setembro, foi recuperada, na Bolívia, a caminhonete Toyota Hilux SW4, de cor preta, do ex-vice-governador e candidato ao Senado, Carlos Fávaro (PSD), que teve o veículo roubado no dia 16 de agosto. Segundo o motorista do candidato relatou ao LIVRE na ocasião, ele estava dentro do carro, estacionado, por pelo menos 10 minutos, quando foi surpreendido.
“Carlão”, como é conhecido o motorista, disse que um veículo Renault Duster passou por ele e deu a volta na rua segundos antes. No retorno, fechou o carro e dele saiu o assaltante, que portava uma mochila e usava boné.
O motorista contou que o assaltante também portava uma arma e teria chegado a puxar o gatilho. No entanto, o objeto não disparou. As cenas foram gravadas pelas câmeras externas do LIVRE, onde o candidato havia acabado de entrar.
Mesmo com rastreador, não foi possível encontrar a caminhonete. Ela apenas foi recuperada na Bolívia dias depois em razão de um boletim de ocorrência ter sido registrado na cidade de San Matías, fronteira com Mato Grosso.
Outro caso registrado em agosto foi de uma médica, que não terá a identidade revelada. Seu veículo, também uma Toyota Hilux SW4, de cor preta, teria sido levado da mesma forma que o de Fávaro. No entanto, ela não possuía rastreador nem seguro. Até o momento, a caminhonete não foi recuperada.
Já no dia 12 de setembro, a equipe da Derrfva recuperou uma Toyota Hilux de cor branca, ano 2018. Segundo o relatório da ocorrência, o carro estava com um rapaz de 27 anos, que acabou preso em flagrante. Ele já era investigado pela delegacia por supostamente integrar uma organização criminosa especializada em roubos de veículos.
Conforme a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), foram recuperados 1.225 veículos na região metropolitana de janeiro a julho deste ano.