Mato Grosso

Servidores endividados: a dura vida de quem recebe escalonado

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Servidores endividados: a dura vida de quem recebe escalonado
(Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

O governo do Estado deposita nesta segunda-feira (11) a primeira parcela dos salários dos servidores referente ao mês de janeiro. Será a “estreia” da estratégia criada pela gestão Mauro Mendes (DEM) – definir um “teto” e pagar a todos, estabelecendo datas para completar os salários daqueles que recebem valores maiores – para amenizar o impacto da crise financeira que tem atingido não só os cofres do Executivo, mas o bolso de quem ocupa um cargo público.

Em janeiro, quando Mendes anunciou que o governo não tinha condições de quitar a folha de pagamento no dia 10, os serviços de telefone e internet foram os primeiros a serem cortados na casa da servidora pública Tatiane Maria Borges.

A analista de meio ambiente de 36 anos também viu o fornecimento de água e luz ficarem sob ameaça, diante das contas acumuladas. Para fazer as compras do mês e abastecer o carro da família, ela precisou fazer um empréstimo que, aliás, não conseguiu pagar na data prevista.

2019 começou conturbado para muitos servidores do governo, mas, na casa de Tatiane, a situação foi mais crítica. Além dela, o marido é funcionário público e os dois caíram na lista das pouco mais de 13 mil pessoas empregadas no Estado que só viram a cor dos salários no final de janeiro.

O primeiro escalonamento da folha salarial feito pela gestão Mauro Mendes seguiu o modelo que já vinha sendo aplicado pelo ex-governador Pedro Taques (PSDB): dividiu os pagamentos por faixas de valor. No dia 10, só aposentados, pensionistas e quem tinha direito a menos de R$ 4 mil foi “contemplado”. Os demais receberam nos dias 24 (salários até R$ 6 mil líquido) e 30 (salários que ultrapassam esse valor).

Segundo Tatiane, foi a pior situação enfrentada pela família desde que Taques mudou a data do pagamento, em novembro de 2016. Na época, os salários que eram depositados ainda no mês trabalhado, passaram a cair só no dia 10 do mês seguinte.

“As primeiras contas, pagamos todas com atraso: luz, água, telefone, escola. As que pudemos mudar a data de vencimento, mudamos e começou a dar certo. Mas eu tenho uma dívida no banco que não consegui renegociar. Desde então, pago juros todo mês”, conta a servidora.

13º salário

O não pagamento por parte do governo Taques do 13º salário também contribuiu para a crise financeira na casa de Tatiane. O dinheiro era aguardado para fazer a matrícula dos filhos na escola, um compromisso que só conseguiu ser honrado na véspera do início das aulas, que começaram na segunda-feira passada, dia 4.

E a família ainda teve sorte. O primeiro dos três filhos de Tatiane conclui o segundo grau em 2018 e passou no processo seletivo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Uma prestação a menos para pagar a partir deste ano.

Tatiane é aniversariante de janeiro, o que significa que seu último 13º foi pago há cerca de um ano. Como o benefício chegou antes do acréscimo da Revisão Geral Anual (RGA) incorporada aos salários dos servidores no ano passado – a RGA, em geral, é concedida em maio –, em dezembro ela deveria ter recebido uma correção monetária.

O dinheiro não veio. Pior, com dívidas acumuladas, Tatiane havia optado por “antecipar” o benefício, um serviço que é oferecido por várias instituições financeiras. Agora, ela tem mais um débito com o banco que depende de uma tentativa de renegociação, o que não vai livrá-la de pagar juros.

Com a decisão do governo Mauro Mendes de transferir, novamente, o pagamento do 13º salário de todos os servidores para o fim do ano, Tatiane tem mais 11 longos meses pela frente.

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