Submetida a procedimento cirúrgico pelo programa Plástica para Todos, a servidora pública aposentada Ivone Alves de Almeida, de 67 anos, teve complicações e morreu na manhã dessa terça-feira (20). Em pouco mais de seis meses, ela foi a segunda vítima de operações realizadas por meio do programa no Hospital Militar, em Cuiabá, que não possui Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Por meio de nota, a empresa e o hospital informaram que foram realizados todos os protocolos prévios e pós-cirúrgicos, sendo que a idosa estaria apta a passar pelo procedimento de lipoaspiração. Além disso, asseguraram que a cirurgia transcorreu dentro da “mais absoluta normalidade”.
Ainda segundo o Plástica para Todos e o Hospital Militar, a causa da morte teria sido embolia pulmonar, “causa grave mais comum decorrente de procedimentos cirúrgicos”.
Já a Polícia Judiciária Civil, também por meio de nota, informou que irá apurar as circunstâncias da morte da servidora aposentada.
Recorrência
Este não foi o primeiro caso de intercorrência médica no pós-operatório envolvendo o Programa Plástica Para Todos em Mato Grosso. A primeira situação aconteceu em maio deste ano, quando a esteticista Edléia Daniele Ferreira Lira morreu horas após ser submetida a uma cirurgia de “lipoescultura” e redução dos seios, realizada pela equipe do programa no Hospital Militar. Conforme o boletim médico, a mulher, que tinha 33 anos, sofreu choque hemorrágico. Ela chegou a ser reanimada e encaminhada para o Hospital Sotrauma, mas não resistiu.
Quase dois meses depois, dois novos casos de intercorrência foram noticiados. As pacientes também foram operadas no Hospital Militar, e precisaram ser encaminhadas para outras unidades médicas. Conforme o programa informou ao LIVRE à época, elas continuaram sendo acompanhadas por médicos do Plástica Para Todos. Os dois casos ganharam luz após denúncia feita pela Sociedade Mato-grossense de Anestesia (Soma).
Após a primeira morte, o Conselho Regional de Medicina (CRM) já tinha aberto sindicância para apurar as responsabilidades dos profissionais, que foram acusados de negligência com a esteticista. Neste mês de novembro, a sindicância foi prorrogada por mais seis meses, conforme a assessoria do órgão. Os outros dois casos também estão sob investigação do Conselho.
No mês de julho, após o surgimento dos dois novos casos de intercorrências, o escritório do programa, localizado no edifício Santa Rosa Tower, em Cuiabá, foi interditado pelo CRM. Já em setembro, médicos que atuam no programa também sofreram com a ação, ficando impedidos de atuarem em qualquer escritório de Mato Grosso. A justificativa, segundo o órgão fiscalizador, é a “preservação da dignidade do atendimento à população e a segurança do ato médico”. Semanas depois, voltaram a ser liberados.
O Hospital Militar, onde foram feitos todos os procedimentos, informou que a unidade é preparada para o tipo de cirurgia realizado pelas três pacientes e que havia recebido vistoria do CRM após o primeiro caso.
Veja as notas na íntegra:
Plástica para Todos
A Empresa PPT vem a público externar com profundo pesar, o falecimento da paciente I.V.A., submetida a procedimento cirúrgico no Hospital Militar de Cuiabá/ MT, na manhã da última segunda-feira, vindo a óbito amanhecer da terça-feira.
Destacamos que todos os protocolos prévios e pós cirúrgicos foram atendidos com extremo rigor, de modo que a paciente estava liberada para realização da cirurgia por médicos especialistas de sua confiança, além do que a cirurgia transcorreu na mais absoluta normalidade.
Ocorre que diante do acometimento súbito da paciente e de sua rápida evolução para óbito, a equipe médica e do Hospital Militar, julgou, por cautela, necessário o encaminhamento do caso para exame de necropsia, apesar de ter sido identificada como embolia pulmonar, a causa mortis. A tromboembolia pulmonar é a causa grave mais comum decorrente de procedimentos cirúrgicos, possuindo como característica a ausência de completa previsibilidade e súbita evolução, tendo em vista que consiste no deslocamento de algum coágulo preexistente nos pacientes até o pulmão, afetando rapidamente todo o organismo.
A empresa aguardará a conclusão do laudo de necropsia, estimado para entrega em até 30 dias, para se necessário, prestar outros esclarecimentos
Polícia Judiciária Civil
A Polícia Judiciária Civil, por meio da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), vai apurar as circunstâncias da morte de Ivone Alves de Almeida, 67.
A equipe policial da unidade realizou a liberação do corpo, no Hospital Militar da Capital, onde a paciente evoluiu para óbito às 5h55, após ser submetida a uma lipoabdominoplastia (associação de abdominoplastia e lipoaspiração).
O corpo foi encaminhado para procedimento pericial de necrópsia junto a Politec/IML.
Associação Beneficente de Saúde dos Militares de Mato Groso
1) Externa com profundo pesar, o falecimento da paciente Srª. I.V.A., submetida a procedimento cirúrgico no Hospital Militar na manhã desta terça-feira;
2) Destacamos que todos os protocolos prévios de responsabilidade do Hospital Militar foram realizados;
3) Em deferência do diante acometimento súbito da paciente e de sua rápida evolução para óbito, a equipe médica da P.P.T. e do Hospital Militar de plantões, julgou, por cautela, o encaminhamento do caso para exame de necropsia e do registro no D.H.P.P. da Capital, apesar de ter sido identificada como embolia pulmonar pelos médicos da P.P.T. a causa mortis;
4) Tromboembolia pulmonar é a causa grave mais comum decorrente de procedimentos cirúrgicos, possuindo como característica a ausência de completa previsibilidade e subida evolução durante o ato cirúrgico, tendo em vista que consiste no deslocamento de coágulo preexistente no paciente até o pulmões; e
5) O Hospital Militar na forma de lei em vigor, aguardará a conclusão do laudo da necropsia e do parecer da D.H.P.P., para prestar outros esclarecimentos.