Minha intuição já me dizia que escrever era o caminho, mas precisei dar muitas voltas para retornar ao ponto onde tudo começou. Jornalista por formação, trabalhei em uma revista feminina por alguns anos e adorava o tema da publicação: o universo feminino. Mas eu tinha pressa. E havia um mundão para eu descobrir. E eu tinha tanta coragem.
Larguei um emprego promissor para embarcar numa viagem para os Estados Unidos que durou quase nove anos. Em terra estrangeira, abandonei o jornalismo, trabalhei em diversas áreas, casei, virei mãe, fiz uma imersão em outra língua e em outra cultura. No Brasil eu nasci. Nos Estados Unidos eu cresci. Amadureci. Aprendi a ser cidadã. E a viver diversos papéis.
De volta ao Brasil, passei por uma crise de identidade e precisava de algo. Procurei, revirei dentro e fora de mim e descobri o que faltava: escrever.
Voltei ao lugar onde tudo começou. Eu precisava falar sobre o mundo, contar algumas histórias, mergulhar em outras, questionar caminhos.
Há tanto que nós, mulheres, temos para falar: maternidade, relacionamentos, carreira, autoestima, direitos, assuntos do cotidiano. E é sobre isso que quero tratar aqui.
Sem a mínima pretensão de ser a dona da verdade, o que busco é um espaço para pensar. Você topa vir comigo?
Ser mulher em 2017
É optar pela maternidade ou pela vida sem filhos.
É escolher ser médica, professora, doutora, engenheira, astronauta ou presidente da República.
É usar shorts, vestido, calça, smoking ou gravata.
É aderir ao cabelo liso, comprido, enrolado, colorido, raspado ou com os fios brancos à mostra.
É namorar alguém com a mesma idade, com muitos anos a mais ou muitos anos a menos.
É poder ser livre para casar com o Pedro, o João ou a Maria.
É ser mãe, filha, irmã, tia, neta, avó, esposa, amiga, amante; tudo ao mesmo e agora.
É entender que há sempre alguma coisa para aprender e outra para ensinar.
É adotar o estilo natural ou contar com recursos artificiais.
É viver como a única autora de sua vida e a responsável pela própria felicidade.
É sorrir, chorar, amar, gritar, sofrer, cair e levantar, em um único dia.
É estar ciente da importância da natureza e do futuro que queremos deixar para a próxima geração.
É saber a hora de falar e a de escutar.
É optar por ser a mais fashion de todas ou não querer ser vítima da moda.
É contar com liberdade para ser rata de academia ou apenas a rainha do lar.
É abominar rótulos, preconceito e tudo o que nos diminui.
É ser capaz de amar o próprio corpo, seja ele P, M, G ou GG.
É dispor de coragem para mudar de caminho, quando o atual não está funcionando.
É assumir que se emociona com um livro clássico e também com um seriado de tevê.
É confessar que gosta de MPB, sertanejo, pop, rock e até funk.
É acreditar que o homem não é mais. Nem menos. Apenas igual.
É dar a volta por cima quando todos apostam o contrário.
É ir em busca até do impossível para ser feliz.
É acreditar no amanhã, apesar da dúvida do hoje.
É possuir consciência das suas falhas e imperfeições, mas todo santo dia lutar para acertar, sem desanimar.
É ser doce e gentil, mas também saber quando virar a mesa.
É esbanjar fé, apesar das dificuldades. E não desistir. Nunca.