“Não há que ser forte. Há que ser flexível”. Descobri este provérbio chinês quando tinha 18 anos, na faculdade. Pensei que havia descoberto a melhor definição para a vida e virou meu mantra quando enfrentava algum tipo de crise.
Mas aí, a vida aconteceu.
Fui embora do Brasil, casei, tive filho, mudei de profissão. Tanta coisa para decidir, fazer e pensar, que o ensinamento se perdeu na memória e nas muitas histórias.
De verdade, ao longo dos anos, acho que fui endurecendo em vez de me tornar elástica. Bem ao contrário do que ensinava o antigo provérbio. Desenvolvi uma película tão dura, para não quebrar, que em vez de me proteger acabou atrapalhando.
Cada vez mais acho difícil me adaptar. Seja às pessoas, a um lugar, a novas ideias. Rígida que estou, não quero nada bagunçando minhas opiniões formadas sobre a vida e o mundo. Quase como aquela pessoa que olha no espelho e quer se ver igual a cada dia, sem nada fora do lugar. Interna ou externamente.
Por coincidência, esses dias me deparei com o provérbio chinês do passado. E voltei a pensar que devo adotá-lo novamente.
Olhei para a natureza e fiz um pedido, quase uma prece.
Em vez de pedra, quero ser mais água.
É verdade que pedras aguentam qualquer pancada. São resistentes. Dependendo do tamanho não saem do lugar, faça chuva, sol ou frio.
Mas, em compensação, a água é leve. Adaptável. Muda de forma facilmente para se adaptar às temperaturas. Consegue se encaixar em qualquer cantinho.
É isso.
Que eu tenha mais inspiração no caminho das águas do que nas pedras que encontro. Que eu tenha menos resistência e mais flexibilidade. Busque adaptação e não rigidez.
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