As implicações do rejuvenescimento da pandemia de covid-19 no Brasil preocupa pesquisadores. Ainda mais quando o tema é o futuro num pós-pandemia. Um estudo da Fiocruz analisou a mudança o perfil dos infectados e as possíveis consequências dessa alteração.
O estudo destaca que essa faixa etária poderá ser altamente afetada pela ocorrência de covid-19 longa ou síndromes pós-covid. Os pesquisadores levam em consideração que os casos de covid-19 nas faixas mais jovens (adultos entre 20 e 59 anos) têm sido cada vez mas frequentes.
“Como o sistema de saúde está sobrecarregado em muitas cidades, uma implicação imediata é o crescente tempo de internação por covid-19”, explicam.
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No futuro…
Além disso, os pesquisadores alertam que a carga de doença entre os adultos jovens pode comprometer cronicamente sua qualidade de vida e a capacidade para as atividades diárias, incluindo o trabalho. O cenário poderá criar um impacto social de longo prazo dramático.
A mudança demográfica tem sido observada quando adultos jovens e de meia-idade passaram a representar uma parcela crescente dos pacientes internados em enfermarias e unidades de terapia intensiva (UTI).
O perfil de internações mudou com a substituição de pacientes idosos − com maior risco de desenvolver formas graves devido a condições crônicas pré-existentes − por pacientes mais jovens com covid-19.
Quais os motivos?
Diante do contexto atual da pandemia, os cientistas destacam três fatores principais que contribuíram para a mudança na dinâmica da pandemia. Em primeiro lugar, a entrada e o aumento da circulação de novas variantes.
Em segundo, a irregularidade na oferta de auxílio emergencial para a população em situação de pobreza tem levado a um maior relaxamento nas medidas de distanciamento físico, uma vez que mais pessoas tiveram que ir às ruas para trabalhar e obter alguma renda para se alimentar.
E, por fim, a progressão da cobertura entre a população mais idosa tem levado a uma retração na contribuição de idosos nos casos graves de covid-19 e morte nas últimas semanas.
“A mensagem é clara. Precisamos olhar para os jovens adultos, especialmente os mais vulneráveis, engajando-nos com eles com urgência. O calendário vacinal avança ainda timidamente entre os grupos de jovens”, finaliza a Fiocruz.