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Sem teto, sem quadra, em barracão: o LIVRE listou as “piores” escolas de MT

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Sem teto, sem quadra, em barracão: o LIVRE listou as “piores” escolas de MT
(Foto: Reprodução)

Denunciada no início do mês, em reportagem exibida pelo programa Fantástico, da Rede Globo, a Escola Municipal José Pedro Gonçalves, localizada e Rosário Oeste e onde parte dos alunos estudavam dentro de contêineres, não é a única em situação precária em Mato Grosso.

Escolas mantidas pelo governo do Estado, principalmente em cidades do interior, também vivem dias difíceis com a falta de bibliotecas, refeitórios, quadras poliesportivas, salas de aula e até portas nos banheiros.

A reportagem do LIVRE fez uma lista das unidades de ensino em situação mais crítica. Os relatos a seguir são de profissionais da educação que preferiram não se identificar. Confira:

1 – Escola Estadual 31 de Março (Canarana)

Em 2016, depois de uma reunião convocada pela direção da escola, os pais dos alunos tomaram uma decisão drástica: trancaram os portões do prédio onde os filhos estudavam e impediram a entrada, não só das crianças, mas dos profissionais que ali trabalhavam.

O motivo: o telhado da escola corria o risco de cair e, quando havia chuva, verdadeiras “cachoeiras” se formavam em certas salas de aula. Desde então, cerca de 540 alunos, do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, em Canarana (830 km de Cuiabá) têm aulas em locais improvisados.

O ano letivo de 2016 foi concluído em salas emprestadas por escolas da prefeitura. Em 2017, os alunos da 31 de Março foram transferidos para um parque de exposição que sequer paredes tinha. A chuva continuou atrapalhando as aulas e, em 2018, um barracão foi alugado.

Divisórias de madeiras, hoje, improvisam 14 salas de aula. Não existe isolamento acústico de uma turma para outra e para chegar até lá os alunos ainda precisam passar por uma rodovia, por onde a safra agrícola do Estado é escoada por caminhões.

2 – Escola Estadual Coronel Andino Rodrigues Lima (Ribeirão Cascalheira)

Única escola estadual do município (880 km de Cuiabá), a Coronel Andino, até o ano passado não tinha quadra poliesportiva, pátio de recreação ou espaço que o valha. Por conta disso, seus mais de 1 mil alunos dos ensino fundamental e médio tinham aulas de Educação Física, literalmente, no meio da rua.

Hoje, um espaço de recreação, com aproximadamente 40 metros quadrados é usados pelos alunos. Mas o local ainda está longe de ser considerado ideal. Tem metade do tamanho mínimo que seria necessário.

A unidade foi construída em 1980 e o terreno até comportava uma quadra poliesportiva. Com o passar dos anos, entretanto, o número de alunos foi crescendo e o de salas de aula precisou acompanhar esse volume.

Anos mais tarde, diante de uma promessa do governo do Estado, um novo terreno chegou a ser comprado, mas o processo de transferência para o Poder Executivo ainda não teria sido concluído, o que continua impedindo a construção da quadra.

A solução encontrada pelos professores, até o ano passado, então, foi trancar, de uma esquina a outra, a rua onde a escola está localizada, cada vez que uma turma precisava de aulas práticas de Educação Física.

3 – Escola Estadual José Alves Bezerra (Porto dos Gaúchos)

Em março do ano passado, com autorização do governo do Estado, a Prefeitura de Porto dos Gaúchos (650 km de Cuiabá) iniciou a demolição de parte do prédio da Escola Estadual José Alves Bezerra. A ação era necessária porque a licitação para a construção de uma estrutura nova havia sido lançada.

Telhados, janelas e fiação elétrica do prédio construído na década de 1980 já haviam sido retirados quando o certame foi cancelado sob o argumento de que a legislação o impedia naquele momento. Estava começando a campanha eleitoral de 2018.

Hoje, só as paredes continuam de pé e, embora não faltem salas de aulas para os cerca de 500 anos dos ensinos fundamental e médio – todos são abrigados em uma ala construída em 2007 –, falta refeitório, biblioteca, sala para os professores e até banheiros. Também não há quadra poliesportiva coberta.

O que diz o governo do Estado?

Confira a íntegra da nota enviada pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc).

Em relação à estrutura de três escolas estaduais, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informa que:

Na EE Coronel Andino Rodrigues Lima, em Ribeirão Cascalheira, as aulas de educação física não são realizadas na rua. No ano passado, foi construído um espaço poliesportivo coberto dentro do terreno da unidade escolar e é nesse local que são realizadas as aulas. 

Na escola 31 de Março, na cidade de Canarana, os alunos estão provisoriamente em um imóvel alugado até que o antigo espaço da escola seja substituído por um novo prédio. 

A EE José Alves Bezerra em Porto dos Gaúchos funciona em novo pavilhão, construído ao lado da escola. A parte antiga da unidade escolar começou a ser demolido pela Prefeitura Municipal. 

No entanto, diante do decreto de calamidade financeira, que impossibilita o Estado de fazer investimentos na área de infraestrutura, não foi possível dar continuidade nas obras das duas escolas.

*Atualizada no dia 18/03 às 9h53

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