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Sem poder andar, piloto sobreviveu três dias com a água de um córrego

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Sem poder andar, piloto sobreviveu três dias com a água de um córrego

Como que por um milagre, o piloto Maicon Semencio Esteves, de 27 anos, foi encontrado na tarde dessa quarta-feira (07), quatro dias após a queda do avião agrícola que ele pilotava. Segundo o Corpo de Bombeiros, ele estava com uma leve desidratação, queimaduras superficiais nos braços, nas mãos e no rosto, e machucados nos pés, causados pela extensa caminhada ao procurar pela estrada e por ajuda.

A queda foi divulgada no domingo (04), mas aconteceu no sábado (03), em uma região de mata de uma fazenda em Peixoto de Azevedo (675 km de Cuiabá). O acidente foi testemunhado por um agricultor que estava a mais ou menos 500 metros do local da queda, arando a terra. Ele viu o momento em que avião desceu rapidamente e não voltou a subir. O piloto vinha com o avião baixo e, no rasante, possivelmente por pane seca, caiu.

Conforme informações do Corpo de Bombeiros, o agricultor foi até uma fazenda próxima e pediu que chamassem o socorro. A princípio, as buscas foram realizadas por trabalhadores e pela Polícia Militar, que encontraram a porta do avião aberta e um canivete a alguns metros da aeronave, que indicava que Maicon poderia ter saído da aeronave com vida, porém, ele havia desaparecido.

O Corpo de Bombeiros foi acionado somente no fim da manhã da segunda-feira (05), por volta das 11 horas. No mesmo dia, três militares de Colíder (633 km da Capital) foram encaminhados para o local, iniciaram as buscas, com bastante dificuldade, visto que o local onde o avião caiu era de mata fechada.

Durante toda terça-feira (06), os bombeiros realizaram buscas na floresta, gritando e soltando fogos na esperança de que o piloto desse alguma resposta. Na manhã dessa quarta-feira (07), uma equipe de Sorriso (418 km de Cuiabá), junto a um cão de busca, passou a também participar da ação, coordenando um grupo de 30 trabalhadores da Fazenda São João, que estavam com facões para auxiliar os militares.

Maicon foi encontrado por um morador local, que auxiliava nas buscas utilizando o método de pente fino do Corpo de Bombeiros, que consiste em profissionais e voluntários fazerem um cordão, com uma pessoa a cada 10 metros, e entrarem na mata juntos, buscando sinais de passagem de pessoas, ou, em situações piores, corpos.

Assim que o mateiro encontrou o piloto, ele chamou os bombeiros, que criaram uma maca improvisada com material da floresta, levaram Maicon a uma clareira a 200 metros do local em que ele foi encontrado, e, depois, até uma caminhonete. O jovem foi transportado nesse veículo até o Distrito de União do Norte, onde uma unidade de resgate de Peixoto de Azevedo fez os primeiros-socorros e aplicou soro no piloto.

Quatro dias perdido

Segundo o Corpo de Bombeiros, com a queda, houve um incêndio na aeronave e o piloto precisou sair às pressas, momento em que queimou braços, mãos e face. Usando o celular, ele viu a estrada que estava perto. A bússola indicava um caminho reto pela floresta, porém, quando tentou caminhar pela floresta, Maicon encontrou dificuldade, porque é impossível fazer o deslocamento em linha reta, já que é preciso fazer curvas, contornar árvores e cipós. Com as voltas, ele se perdeu, não encontrou a estrada e andou muito mais do que esperava.

Depois de bastante tempo caminhando, já com os pés machucados, o piloto parou em um riacho e ficou bebendo água durante os quatro dias em que esteve desaparecido, porém, ficou bastante debilitado por causa das queimaduras e pelos arranhões causados por espinhos na mata. Segundo os bombeiros, já nos últimos momentos, ele se sentia muito cansado, já não conseguia caminhar e, por isso, ficou levemente desidratado.

Para proteger o rosto dos espinhos, o piloto ficou com capacete de voo, o que dificultou a percepção dos fogos e dos chamados que foram feitos durante toda a terça-feira (06).

Um dos bombeiros que coordenou a ação de busca, o tenente Rodrigo Fonseca, disse que quando encontrou o piloto, ele estava cansado e sem condições de caminhar. O jovem tinha feridas abertas e insetos causando mais ferimentos na pele. Durante todos esses dias, segundo o militar, Maicon comeu somente as bolachas que tinha consigo.

Ele foi encontrado na beira de um córrego, dentro de uma fazenda, a cerca de 2.200 metros do local em que a aeronave estava. O dono da propriedade em que ele foi encontrado, Leonísio Lemos, disse à TV Centro América, que a equipe de buscas ouviu uma voz bem baixa pedindo ajuda e, com isso, encontrou o piloto, que, no momento que viu a equipe, disse: “agora estou salvo, agora estou salvo”.

Durante a busca, alguns bombeiros se feriram em urtigas e espinhos, ficaram com carrapatos presos à pele e viram um grupo de queixadas (porcos do mato) agressivo. Eles iam dormir à meia-noite e estavam na mata assim que o sol nascia.

A todo momento, diversas pistas levavam a família de Maicon a acreditar que ele seria encontrado vivo, como o fato de a cabine da aeronave estar inteira e não ter sinais de sangue, o canivete do piloto ter sido encontrado a dois metros do avião e terem sido vistos sinais de locais em que ele teria passado, além de um local onde ele teria dormido.

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