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Sem perspectiva: mãe denuncia falta de remédios na Farmácia de Alto Custo

Menino de 4 anos precisa do medicamento para não ter convulsões sucessivas e parar no hospital, com risco de morte

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Sem perspectiva: mãe denuncia falta de remédios na Farmácia de Alto Custo
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Sem o remédio adequado, o pequeno D. L, 4 anos, corre o risco de ter até 20 convulsões seguidas e parar no hospital, com risco de morte. Se ele tomar o medicamento mais barato oferecido no mercado, é vítima de efeitos colaterais, que também comprometem seriamente o funcionamento de seu organismo.

Em ambas as opções, a saúde do menino fica comprometida. Porém, a mãe dele, Giselly Fortes, precisa optar por uma delas desde o começo do mês. É que o remédio mais adequado – e caro – deixou de ser ofertado na Farmácia de Alto Custo de Cuiabá, que é gerida pela Secretaria de Estado de Saúde.

Hoje, D.L está em casa e bem, mas o risco de novas convulsões deixam a mãe apavorada. A última delas foi no final de agosto, quando precisou acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para levá-lo com segurança ao hospital.

Socorro realizado pelo Samu ao menino D.L, 4 anos

Giselly explica que há 4 meses passou a pegar o medicamento na Farmaácia de Alto Custo. Antes disso, o filho dela, que tem hidrocefalia e epilepsia, tomava outro remédio, que começou a dar sérios efeitos colaterais no fígado. Por conta disso, a médica fez a mudança para o Levetiracetam 100 mg/ml.

A diferença de preços entre a indicação anterior e essa é de mais de 100%. Antes, apenas com os anticonvulsivos, Giselly Fortes, que trabalha como assistente jurídico, gastava R$ 140, porque o produto não era oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, caso procure o remédio mais adequado no mercado, o custo seria de R$ 350.

Além do Levetiracetam 100 mg/ml, o pequeno D.L também está no aguardo do Clobazam 10 mg, que ele toma para conseguir dormir sem ter espasmos – contrações musculares involuntárias.

“Quando a médica falou, eu fiquei assustada. Mas ela falou para eu ficar tranquila que a Farmácia de Alto Custo oferecia o remédio. Ela me orientou e passou todas as recomendações de como proceder. Mas até para pegar pela primeira vez foi difícil. Tive que esperar 40 dias”, explica.

Imagem do menino internado após uma série de convulsões. Foto: (Arquivo pessoal)

Peregrinação

Giselly mora no bairro Pedra 90 e, duas vezes por semana, vai à Farmácia de Alto Custo, no Centro de Cuiabá, para saber se o remédio já chegou. Ela tenta ligar, mas ninguém atende. Também manda mensagens pelo whatsapp, porém as perguntas demoram a ser respondidas.

“Não tem estacionamento lá. Aí, eu tenho que parar o mais próximo possível e seguir com meus filhos nos braços, porque a acessibilidade é inexistente. Chegamos na farmácia mortos”, relata.

Todo o esforço acaba sendo em vão, porque a resposta é sempre negativa com relação à existência do produto em estoque. Em uma das poucas mensagens respondidas pelo whatsapp, a farmácia informa que quem entrega o remédio é o Ministério da Saúde. Então, não há o que fazer, além de esperar.

“Eu fui falar com a assistente social e ela disse que eu não devia estar reclamando porque existem pessoas esperando há mais de um ano pelo remédio”, afirma.

Vidas que se cruzam na espera

Giselly conta que resolveu procurar a imprensa por conta do filho e também dos demais pacientes com quem ela cruzou na espera e em redes sociais. Muitos relataram a ausência de remédios e os mesmos problemas com relação a informações sobre o restabelecimento do fornecimento.

Insulinas, colírios para glaucoma, remédios cardíacos, entre outros, faltam de maneira frequente e muitos dos usuários sequer têm condições de comprar qualquer substituto.

“Eu acho um absurdo. As pessoas estão precisando e não conseguem acesso e nem justificativa plausível. Minha mãe, por exemplo, também pega insulina e está em falta”, conclui.

O que diz a Secretaria de Estado de Saúde?

A Secretaria de Estado de Saúde informou que o medicamento de D.L estará disponível na quinta-feira (30).

Leia nota na íntegra:

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT), por meio da Superintendência de Assistência Farmacêutica (SAF), informa que há previsão de abastecimento da medicação Levetiracetam Solução Oral 100mg/ml para quinta-feira (30.09), de acordo com informações dadas pelo Ministério da Saúde.

A medicação Clobazam 10mg encontra-se em processo de aquisição. A SAF também esclarece que conta com estoque regular para as medicações: Clobazam 20mg; Bimatoprosta 0,3mg/ml; Brimonidina 2mg/ml; Brinzolamida 10mg/ml; Dorzolamida 20mg/ml; Timolol 5mg/ml  e Travoprosta 0,04mg/ml.

O medicamento Latanoprosta 0,05mg/ml, fornecido pelo Ministério da Saúde, não há em estoque, e o medicamento Pilocarpina 20mg/ml está em processo de aquisição pela pasta.

A SES-MT esclarece que, para a mudança na dosagem de qualquer medicamento, é necessária uma nova avaliação médica.

Os telefones da Farmácia estão funcionando normalmente por meio dos números (65) 3322-5509, (65) 3623-7896 e 98432-0177 (WhatsApp)”.

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