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Seis fatos que você não sabia sobre o Uber

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Seis fatos que você não sabia sobre o Uber

Ednilson Aguiar/O Livre

UBER

 

Quase três meses depois de estrear em Cuiabá, o aplicativo Uber recrutou mais de 500 motoristas, gerou ao menos três ocorrências policiais envolvendo taxistas revoltosos e virou tema central de seis projetos de lei na Assembleia Legislativa e nas câmaras municipais de Cuiabá e Várzea Grande. O foco da polêmica é a equiparação dos motoristas do aplicativo com os taxistas, que somam mais de 600 na capital. Apesar de tudo, o Uber continua operando normalmente.

A equipe oficial do aplicativo, que se instalou no mezanino do hotel Deville Prime, não divulga o número exato de usuários e motoristas. No entanto, desde às 14 horas de 25 de novembro de 2016, quando o Uber foi lançado em Cuiabá, o Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran) registrou 1.077 pedidos de emissão de carteiras de habilitação com a observação EAR (Exerce Atividade Remunerada). A especificação é uma exigência para motoristas que queiram trabalhar com o aplicativo. Até 20 de fevereiro, 886 carteiras do tipo foram emitidas, 11 estão em processo de emissão e 180 permanecem em análise.

O LIVRE preparou uma lista com seis fatos sobre o Uber que merecem atenção, e que você provavelmente ainda desconhece. Confira a seguir.

Ednilson Aguiar/O Livre

UBER

 

Muitos projetos, nenhuma conclusão
A primeira reação política ao Uber em Cuiabá aconteceu ainda em agosto de 2015, mais de um ano antes de ser lançado na cidade. Na ocasião, o vereador Dilemário Alencar (PTB) apresentou um projeto de lei que proibia o uso do aplicativo. Na mesma semana, o então deputado estadual Emanuel Pinheiro (PMDB) apresentou na Assembleia Legislativa proposta de igual teor, mas a retirou dias depois. Em novembro de 2016, mês da estreia do Uber na capital, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) encaminhou à procuradoria-geral da Prefeitura outro projeto de lei que buscava impedir o Uber em Cuiabá. Um mês depois, os vereadores do município vizinho de Várzea Grande aprovaram um projeto de autoria do vereador Pedro Paulo Tolares (DEM) que regularizava o Uber no município, mas a prefeita Lucimar Campos (DEM) o vetou em janeiro. Em fevereiro, o vereador Diego Guimarães, de Cuiabá, apresentou o esboço de um projeto e avisou que pretende convocar audiência pública sobre o assunto. Também neste mês, a deputada Janaína Riva sugeriu proposta de regulamentação do aplicativo que obriga os motoristas a recolher tributos e concordar com o transporte de animais, quando isso não acarretar riscos. Até agora, nenhuma lei regulamenta o Uber em Mato Grosso.

Chamada fantasma
Além de terem sido flagrados agredindo motoristas e fechando carros do Uber, os taxistas de Cuiabá inventaram mais uma maneira de confrontar os novos inimigos. Segundo relatos de motoristas do aplicativo, alguns taxistas têm se cadastrado como usuários e solicitado carros do Uber de maneira insistente e sequencial. Quando os motoristas do aplicativo chegam para apanhar o passageiro, nada encontram. Para evitar a perda de tempo, se organizaram em grupos no WhatsApp onde divulgam entre si os nomes de usuários que costumam efetuar a “chamada fantasma”. Atualmente, há no WhatsApp ao menos quatro grupos de motoristas do Uber, cada um com 250 integrantes.

A espera não compensa
Os motoristas do Uber ganham, no mínimo, R$ 5 por corrida. O preço-base, R$ 2,50, é somado ao valor de R$ 1,20 por quilômetro rodado e mais R$ 0,15 por minuto. Desta maneira, se você pedir para um motorista do Uber esperar por meia hora, ele vai ganhar apenas R$ 4,50, sem contar a taxa destinada ao aplicativo.

A ordem é fazer volume
Quando você entrar em um Uber, seja manhã, tarde ou noite, esteja ciente de que, muito provavelmente, o motorista está há quinze horas trabalhando. Todos eles concordam que, para ganhar dinheiro, é necessário fazer volume. Por isso, descartam viagens longas, que consomem muito combustível, e evitam as esperas, que rendem quase nada. Dos dez motoristas entrevistados pela reportagem do LIVRE, oito costumam trabalhar no mínimo doze horas por dia. Ou: “Trinta passageiros por dia”, segundo disse um deles. Só assim conseguem garantir um “salário” de ao menos R$ 2.500, fora o custo de manutenção, combustível e lavagem.

Medo do aeroporto
Ao vetar o projeto de lei que buscava regulamentar o Uber em Várzea Grande, a prefeita Lucimar Campos acabou abrindo um precedente para que os motoristas fossem considerados clandestinos. O problema é que o aeroporto fica em Várzea Grande, e é o melhor local para angariar passageiros. Se os fiscais do município flagrarem um motorista do aplicativo, ele fica avisado de que na próxima vez receberá uma multa de R$ 1000. Para evitar o flagrante, muitos motoristas do Uber, ao chegar na rotatória que leva à entrada do aeroporto, escondem o suporte de celular instalado no painel do veículo, que, segundo eles, denuncia a atividade. Outros pedem para o passageiro sentar sempre no banco da frente e há quem insista por um abraço na hora da despedida – uma maneira de encobrir a relação comercial travestindo-a de amizade.

Vencendo na crise
A maior parte dos motoristas cadastrados no Uber é composta de profissionais de outras áreas que perderam seus empregos por causa da crise. Como são obrigados a dar 25% de tudo o que ganham para o aplicativo, alguns resolveram imprimir cartões de visita para divulgar o serviço de transporte particular. Eles garantem que cobram o mesmo preço praticado no aplicativo – mas não têm a obrigação de arcar com a taxa de um quarto. Outros motoristas, que não têm carro próprio, se unem em duplas ou trios para dividir o preço do aluguel de um carro popular (algo em torno de R$ 1500 por mês) e revezam horários para trabalhar.

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