O secretário do Gabinete de Governo, Domingos Sávio, classificou como “jogo baixo” e “sorrateiro” o movimento da oposição para abrir, em período eleitoral, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o escândalo dos grampos ilegais no governo Pedro Taques (PSDB), que estourou em maio de 2017.
“Uma CPI logo no processo eleitoral é uma CPI suspeita, na verdade. Por que não apuraram isso antes? Infelizmente deflagrou-se o processo eleitoral e o jogo sorrateiro que a oposição tenta fazer para nós. Acho que tem que perder tempo pedindo voto e não correndo atrás de uma situação que já está sendo investigada”, disparou o secretário.
“Lamentamos que no período eleitoral comecem a surgir CPIs misteriosamente, mas faz parte do jogo político e a sociedade sabe interpretar isso. Um jogo de cena com viés político e eleitoreiro, um viés baixo. Tenho certeza que a sociedade está acompanhando quem é quem nesse jogo”, afirmou.
Além de criticar a proposta de CPI no período eleitoral, Domingos Sávio afirmou que a investigação deveria ter sido feita antes. “Já passou o tempo, já perdeu o timing. Curiosamente a gente entra no processo eleitoral e começa o jogo baixo. Deveria ter sido aberta há algum tempo atrás. E se fosse abrir uma CPI, deveriam pegar os depoimentos que envolvem desde a época do Silval, as gestões passadas”, disse.
A deputada estadual Janaina Riva (MDB) tenta emplacar a CPI desde que o escândalo estourou, em maio do ano passado. Porém, não conseguiu as assinaturas necessárias à época. Depois do depoimento do cabo Gerson Correa, que acusou Pedro Taques e seu primo Paulo, ex-chefe da Casa Civil, de serem os “donos dos grampos”, em 28 de julho, a deputada ressuscitou a proposta de CPI.
Porém, na terça-feira (7), o vice-líder do governo, Wilson Santos (PSDB), foi mais rápido e apresentou, antes da colega, um pedido de CPI mais amplo – para investigar esquemas de grampos desde o ano de 2011, envolvendo todos os Poderes. Janaina acusou o tucano de manobrar para tirar o foco de Taques.
Ela argumentou que o requerimento de Wilson não tinha o número de assinaturas necessárias para abrir a CPI e, na sequência, apresentou seu requerimento com apoio de 10 deputados. Evitando tomar partido, o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (DEM), montou uma comissão para decidir qual dos pedidos de CPI tem validade.
“Apoio total”
Domingos Sávio afirmou que a CPI proposta por Wilson tem apoio do governo, desde que seja instalada depois das eleições. “Tem total apoio do governo. Desde que não seja um pedido politiqueiro, o governo apoia. Que sejam investigados todos. A Assembleia está aí para isso. É o papel da Assembleia”, disse.
Ele esteve na Assembleia Legislativa na terça-feira (7) e conversou com alguns deputados. “Eu vim comunicar para alguns colegas que a base está unida, que é para continuar nessa defesa com toda tranquilidade. Cada um tem essa consciência. O governador é muito tranquilo com relação a isso, ele pediu para ser investigado. Não vejo problema nenhum”, concluiu.