A Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá emitiu nota afirmando que a falta de exames não interferiu no quadro grave da menina Maria Clara dos Santos Silva de Almeida, 4 anos, que morreu na madrugada desta sexta-feira (24). Ela tinha câncer no rim e teve complicações no tratamento de hemodiálise.
A menina estava internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pediátrica do hospital e morreu enquanto aguardava a realização de um exame de broncoscopia. Segundo a Santa Casa, o exame serviria para diagnosticar uma estenose de traqueia (estreitamento) e “não interferiria em nenhuma conduta imediata que pudesse alterar o quadro grave em que a criança se encontrava”.
Segundo o hospital, Maria Clara nasceu com um rim atrofiado e outro funcionando bem. Porém, teve um tumor no rim que funcionava, e ele teve que ser retirado. Depois, ela fez quimioterapia, começou a hemodiálise e estava na fila de transplante.
“A Santa Casa lamenta o falecimento da menor, e ressalta que foi a primeira paciente a realizar tratamento ambulatorial de hemodiálise, pois na Santa Casa não havia o serviço de hemodiálise infantil, desta forma os pacientes precisavam fazer tratamento fora do domicilio”, diz a nota da instituição.
Desabafo da tia
No dia 22 de agosto, Francisneyre Silva, tia da menina, fez um desabafo em seu perfil no Facebook, e postou um vídeo mostrando o sofrimento da criança, que tinha dificuldades respiratórias. Ela demonstrou apoio à greve dos profissionais que trabalham na Santa Casa, que estão com salários atrasados, mas criticou a falta de atendimento.
“Minha sobrinha Maria Clara como outros que ali estão, está com tratamento mínimo dos mínimos. Não posso nem dizer básico porque uma criança com febre o dia todo só foi medicada agora porque a mãe foi atrás dos enfermeiros para receber uma dose de ‘dipirona’ para cortar a febre”, escreveu Francisneyre.
ATENÇÃO – IMAGENS FORTES
Greve na Santa Casa
Médicos e enfermeiros da Santa Casa estão em greve desde mês passado, pela falta de pagamento dos salários, e há uma escala de plantão para manter 30% dos atendimentos. A ala oncológica da instituição foi fechada em 15 de agosto e os pacientes foram transferidos para o Pronto Atendimento.
O hospital está em crise financeira e a direção alega que o quadro se agravou por causa de atrasos nos repasses por parte do Poder Público. Ao todo, a dívida seria de R$ 700 mil. A entidade, porém, é alvo de investigação do Ministério Público do Estado (MPE).