Judiciário

Saiba quem é quem na organização que levou Arcanjo de volta à prisão

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Saiba quem é quem na organização que levou Arcanjo de volta à prisão
Foto: Divulgação/TJMT

Interceptações telefônicas e bloqueio de contas e investimentos, além de denúncias, foram os meios utilizados por investigadores e delegados da Polícia Civil de Mato Grosso para levar de volta para a cadeia, ao menos de forma preventiva, o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro.

Ex-comendador de Mato Grosso, por título concedido (e posteriormente cassado) pela Assembleia Legislativa, Arcanjo foi preso na manhã dessa quarta-feira (29) em sua casa, no bairro Boa Esperança, em Cuiabá.

Acusado de retomar a liderança nos jogos de azar e da prática de lavagem de dinheiro, ele é apenas um dos 33 alvos da Operação Mantus, deflagrada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) em parceria com a Delegacia Fazendária (Defaz).

Na decisão do juiz Jorge Luiz Tadeu Rodrigues, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, que autorizou mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão, e sequestro de bens, a Polícia Civil revelou como funcionava a suposta organização criminosa que comandava o maior esquema de jogo do bicho em Mato Grosso, conhecida como Colibri.

Entenda qual era a função de cada um na organização.

Liderança

João Arcanjo Ribeiro é apontado como o líder da organização Colibri. O posto, segundo a Polícia Civil, ele divide com seu genro, o empresário Giovanni Zem Rodrigues, preso quando desembarcava em Guarulhos (SP).

Para “comprovar” que Arcanjo continuava, de fato, atuando com jogo do bicho, a polícia frisou que tanto o estacionamento onde ele trabalha, quanto o prédio onde fica o empreendimento e uma outra empresa administrada por Giovanni, são de propriedade do ex-comendador.

O nome de Arcanjo também foi citado em uma conversa entre dois funcionários de outro grupo que disputava o jogo do bicho em Mato Grosso (a Ello/FMC). Diálogo conseguido por meio de interceptações telefônicas pontuam que a dupla informou sobre a existência de uma mulher, que seria gerente de “tudo do Arcanjo em Rondonópolis”.

O mesmo diálogo também embasaria a posição de Giovanni como “sócio” do ex-comendador, uma vez que, segundo os membros da organização rival, a mulher fazia o repasse financeiro ao empresário.

Giovanni Zem não apenas estaria lado a lado de Arcanjo nos negócios, como também teria sido o responsável por mantê-los enquanto o ex-comendador ficou preso.

A Polícia Civil apontou um boletim de ocorrência registrado por Alberto Jorge Toniasso, no qual ele afirmou ter sido ameaçado por Giovanni, que teria quebrado as máquinas de jogo da organização concorrente, a FMC.

Mensagens encontradas no telefone de uma terceira pessoa apontariam, ainda, que Giovanni cobrava seu “empenho” nas ações, e que o empresário era quem recolheria os “acertos” das máquinas de jogos.

Assessoria direta

Noroel Braz da Costa Filho, segundo a Polícia Civil, seria o assessor direto da liderança da organização. Ele seria o responsável pela segurança das operações e também pelas cobranças.

Conversas interceptadas pela Polícia Civil apontaram que o próprio Noroel teria afirmado trabalhar com o esquema desde o início das operações. Na mesma conversa, a polícia conseguiu confirmar a denúncia de que Fábio Pilz de Oliveira, que seria membro da organização Ello/FMC, foi, de fato, sequestrado no interior do estado.

No mesmo boletim de ocorrência registrado por Toniasso contra Giovanni Zem, a vítima relatou que Noriel também teria participado da ameaça, porque ele estaria explorando o jogo do bicho em uma área que seria do “Grupo de Arcanjo”.

Gerentes

Foram apontados como gerentes Mariano Oliveira da Silva, Sebastião Francisco da Silva, Agnaldo Gomes de Azevedo e José Carlos de Freitas.

Mariano, que teria sido o responsável pelo sequestro de Fábio Pilz em Juara (700 km da Capital), seria o gerente do norte do Estado. Com “sede” em Sinop (500 km de Cuiabá), ele teria movimentado, em um ano e meio, R$ 1,5 milhão, enquanto sua empresa movimentou R$ 2,7 milhões, segundo a polícia constatou com a quebra de seu sigilo bancário. Os valores foram fracionados e várias transferências foram identificadas para, entre outras, a empresa RR Pago, administrada por Giovanni Zem.

Sebastião Francisco da Silva. Responsável em Juara, ele cuidava da “atividade delitiva” da organização. Conforme a Polícia, ele também estaria envolvido no sequestro de Fábio Pilz.

Agnaldo Gomes de Azevedo. Gerente em Tangará da Serra (240 km de Cuiabá), Agnaldo apareceu em diversos momentos da investigação, tendo o nome citado em trocas de mensagens e anotações.

Quebra de seu sigilo apontou a movimentação de R$ 2,5 milhões, enquanto pessoa física – valor considerado expressivo pela autoridade policial. Como pessoa física, Agnaldo movimentou R$ 1,04 milhão. As duas cifras são resultantes de transações fracionadas.

José Carlos de Freitas. Conhecido como Freitas, era o gerente em Cáceres (225 km de Cuiabá), mas não teve seu nome citado por outros integrantes da organização até o fim das primeiras fases da investigação. Por iss,o também, a polícia revelou que ele não teve o telefone interceptado.

No entanto, em momentos mais avançados, Freitas aparece em conversas de Noroel e Mariano.

Assessoria regional

Adelmar Ferreira Lopes também atuaria na região norte, auxiliando Mariano e os demais membros da organização criminosa, segundo a Polícia Civil. Seu telefone estava registrado como “Funcionário Mariano” em um aparelho apreendido pela polícia.

Seus dados bancários também apontaram que ele teria movimentado R$ 2,8 milhões, em depósitos feitos de forma fracionada. Ele também é acusado de fazer diversas operações financeiras para a empresa de Mariano e de Agnaldo Gomes de Azevedo.

Recolhedores

Marcelo Gomes Honorato seria o recolhedor e o fornecedor de suporte às máquinas de apostas, conforme as investigações. A quebra de seu sigilo bancário apontou que ele movimentou R$ 1,5 milhão, em valores fracionados.

Com Honorato trabalhava Valcenir Nunes Inério, segundo as investigações. Consta do documento que o homem, conhecido por “Badeco”, chegou a ser preso junto de Marcelo com diversos objetos do jogo do bicho, como máquinas e cheques. Na ocasião, o celular dele foi apreendido e foram encontradas conversas com Agnaldo, gerente de Tangará da Serra.

Paulo Cesar Martins, segundo a Polícia, teria colocado dois filhos, Bruno Cesar Martins e Bruno Cesar Aristides Martins, para atuar como recolhedores dos valores “arrecadados” em Cuiabá.

Paulo Cesar também teria sido o responsável por enviar uma quantia em dinheiro para a ex-mulher e o filho de João Arcanjo Ribeiro, residentes no Uruguai.

Augusto Matias Cruz também foi citado durante uma conversa telefônica interceptada, na qual ele informou ter “recolhido” um pouco pela manhã e que faria um novo recolhimento na parte da tarde.

Prisões

Ao todo, 33 pessoas acusadas de compor tanto a suposta organização criminosa Colibri, quanto a Ello/FMC, que seria chefiada por Frederico Müller Coutinho, foram presas. Elas passaram por audiência de custódia na tarde de quarta-feira (29) e foram encaminhadas para os presídios de Cuiabá.

Dos envolvidos, apenas Giovanni Zem deve ser ouvido nesta quinta-feira (30), uma vez que foi preso em outro estado.

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