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Saiba como funcionavam os núcleos do Comando Vermelho em Mato Grosso

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Saiba como funcionavam os núcleos do Comando Vermelho em Mato Grosso
Foto Divulgação

A Polícia Judiciária Civil indiciou 113 pessoas envolvidas com a facção criminosa investigada na operação “Red Money”, realizada em agosto deste ano, sob a coordenação da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e da Diretoria de Inteligência. O inquérito policial foi concluído e encaminhado à Justiça na tarde desta quinta-feira (11).

Ao todo, foram mais de seis mil páginas de inquérito, com 30 volumes, e duas operações. A primeira fase foi deflagrada no dia 8 de agosto e a segunda no dia 1º de outubro, ambas deste ano. Ao todo, foram expedidos 110 mandados de prisão preventiva, houve sequestro de 23 imóveis e apreensão de cerca de R$ 790 mil, em joias, bloqueio e sequestro de valores em contas bancárias e apreensão de dinheiro em espécie.

Abaixo, entenda como funcionavam os núcleos da facção em Mato Grosso:

Núcleo de arrecadação financeira

Pela arrecadação financeira, a Polícia Civil indiciou 24 pessoas, que eram responsáveis pelo dinheiro da facção. Eles gerenciavam o cadastramento e cobravam mensalidade de traficantes e faziam extorsão em estabelecimentos comerciais, a título de taxa de segurança.

Os principais líderes do núcleo de arrecadação, todos condenados pela Justiça, são: Demis Marcelo Ferreira Mendes (Fusca), responsável pelo tráfico de drogas; Fábio Aparecido Marques do Nascimento (Lacoste ou Zaca), responsável pelo sistema de arrecadação da região Sul de Mato Grosso; Fábio Junior Batista Pires (Farrame), responsável pelo cadastramento de faccionados.

Núcleo de movimentação financeira

Pertencentes a este núcleo foram indiciados 25 integrantes. A operação Red Money demonstrou que dezenas de contas bancárias foram utilizadas para movimentação do dinheiro ilícito arrecadado pela facção criminosa. Geralmente, as contas eram pertencentes a familiares e pessoas próximas aos líderes do esquema, todos já condenados e presos na Penitenciária Central do Estado.

Além disso, empresas foram abertas para realização de lavagem de dinheiro, dissimulando a origem dos valores recebidos através da atividade comercial, como é o caso da empresa JJ Informática, sediada em Várzea Grande, tratando-se da principal pessoa jurídica utilizada pela Organização. A empresa foi interditada pela Justiça.

Os principais arquitetos do esquema de movimentação financeira e gerenciamento do dinheiro arrecadado são os seguintes indiciados: Jonas Souza Gonçalves Junior (Batman ou K9), Francisco Soares Lacerda (DF ou Brasília), Ulisses Batista da Silva (Coroa).

Somente em contas bancárias de mulheres, parentes e empresa vinculadas a essas lideranças, foram constatadas entradas superiores a R$ 10 milhões, colocando os principais lideres (Jonas, Francisco e Ulisses), no topo da “pirâmide”, que possibilitava a eles oferecer padrão de vida as suas mulheres, bem superior ao da maioria dos colaboradores financeiramente da facção criminosa, que pagam mensalidades.

Núcleos intermediário e de base

Nos dois núcleos está a maior parte dos indiciados, totalizando 64, os quais também desempenhavam papel financeiro, realizando movimentações e transações bancárias em favor da facção criminosa.

Conforme explicou o delegado Diogo Santana de Souza, titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado, “boa parte desses correntistas agiam mediante determinações de pessoas que já estavam presas. Ao longo da investigação foi possível identificar vários criminosos que estavam por trás desses correntistas”.

Dezenas de contas bancárias funcionavam como “contas de captação”, com transferência de dinheiro para contas mais fortes, em um típico sistema de pirâmide.

O delegado Gustavo Colognesi Belão, que fez parte da equipe de investigação na operação Red Money, disse que os indiciados não apenas movimentavam dinheiro da facção criminosa em si, mas também movimentavam dinheiro obtido através dos crimes que praticavam individualmente, como assaltos e tráfico de drogas.

[featured_paragraph]“Por outro lado, foi percebido que os criminosos financiam mutuamente, emprestando dinheiro uns aos outros para fomentar a prática de crimes”, disse.[/featured_paragraph]

Entre as lideranças da facção já conhecidas em razão dos vários processos que respondem na Justiça, foram indiciados como participantes desses últimos núcleos os seguintes condenados, os quais se valiam da esposa e da filha para realizar suas movimentações ilícitas: Aldemir de Assis Campo (Tuca ou Japa), Paulo César Rosa (Paiacã).

Núcleo de tráfico de drogas

Ao longo da investigação ficou comprovado que além das mensalidades cobradas junto a traficantes, a facção comanda o tráfico dentro dos estabelecimentos prisionais.

A coordenação da operação observou que as constantes ações e apreensões realizadas pelo Sistema Prisional, demonstram que ainda existe a entrada de aparelhos celulares e drogas dentro dos presídios, apesar de todos os esforços empreendidos para coibir essa prática.

Segundo os delegados, é observado um constante aprimoramento no trabalho de fiscalização, com o consequente aumento das apreensões e troca de informações na área de inteligência.

[featured_paragraph]Durante os trabalhos de investigação foi possível identificar as principais lideranças do tráfico de drogas, realizado dentro da Penitenciária Central do Estado, inclusive, após análise do material apreendido, obteve-se informações a respeito da arrecadação obtida com a comercialização das drogas.[/featured_paragraph]

Dos responsáveis pelo tráfico no interior da penitenciária, todos eles já estavam vinculados na operação Red Money, em razão de sua atuação financeira. São eles: o chefe do tráfico, Demis Marcelo Ferreira Mendes (Fusca), o fornecedor de drogas, Janderson dos Santos Lopes (Cowboy), e o gerente do tráfico, Paulo Ricardo Santana (Macarrão).

Ao finalizar a operação, o delegado Luiz Henrique de Oliveira analisou resultado obtido e da importância do trabalho à sociedade, frente ao problema das facções criminosas que desafia o sistema de segurança pública de todo o País.

“Aqui em Mato Grosso nos dedicamos a aprofundar o conhecimento a respeito dessas organizações, o que permitiu deflagrar essa operação, atingindo fortemente a organização criminosa no aspecto financeiro e patrimonial. Entendemos que esse foco deve ser mantido e outras investigações nesse campo devem ser levadas a efeito. Além do processo criminal e da provável condenação dos envolvidos, temos que aproveitar todo o conhecimento produzido com essa investigação, a respeito da forma de agir da facção, de suas fontes de renda, das lideranças que foram identificadas”.

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