Os produtores mato-grossenses iniciaram o plantio da nova safra de soja do estado. Até o momento, 0,83% dos mais de 9,57 milhões de hectares destinados ao cultivo do grão foram semeados, o que corresponde a pouco mais de 79 mil hectares.
No ciclo passado, neste mesmo período apenas 0,14% da área total havia sido semeada. A justificativa para o avanço são as chuvas registradas em grande parte do Estado.
Até o momento, a região mais avançada no processo é a Oeste, com 1,62%, puxada principalmente pela necessidade de áreas para o cultivo do algodão em segunda safra.
De acordo com o Imea, Na próxima semana mais produtores devem colocar as máquinas no campo, e os trabalhos devem se intensificar pouco a pouco, de acordo com a ocorrência das chuvas.
Fator climático
Com o fim do vazio sanitário no último dia 15, os produtores estão de olho no céu. Conforme o Imea, os trabalhos a campo iniciaram quase que de maneira imediata, principalmente nas áreas irrigadas e naquelas beneficiadas pela chuva na última semana.
Para as próximas semanas as chuvas tendem a se tornarem mais presentes no campo, no entanto, as previsões para o início do mês de outubro apontam para volumes abaixo da média histórica, principalmente para a região nordeste do Estado.
Caso as previsões climáticas atuais se confirmem, a intensificação da semeadura pode “sofrer” um pouco, aumentando os riscos, demandando maior atenção do produtor ao longo de todo o ciclo de desenvolvimento.
Chuvas irregulares
Em entrevista para a Aprosoja, o agrometeorologista Luiz Carlos Molion, doutor da Universidade Federal do Alagoas, disse ser prudente que o agricultor aguarde mais alguns dias para o início do plantio. “Viemos de um período de 180 dias com déficit de chuvas que, dependendo do local, está entre 25% a 35% abaixo do normal. Então, é preciso que o solo ‘recarregue’ a umidade para, aí sim, fazer a semeadura”.
Segundo o especialista, de outubro a dezembro haverá chuvas acima da média entre 10% a 20% e, de janeiro a março, deverá haver redução de 20% a 40% nas precipitações. “Mas considerando todo o cultivo deve ficar uma média de 800mm a 1000mm acumulado de outubro a março. Isso é mais que suficiente para garantir a produtividade dos cultivos neste período”, afirmou Molion.
Também para a Aprosoja, Luiz Renato Lazinski, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), disse concordar que não haverá problemas climáticos para o início do plantio da safra de soja 2018/19. “Agora vivemos um período chamado neutralidade climática, quando estamos sem El Niño e sem El Niña. A tendência é que durante toda a primavera esta situação irá persistir”, relatou.
Lazinski também explicou que o El Niño deve retornar a partir de dezembro, mas com uma atividade fraca a moderada. Assim, as chuvas devem diminuir na região Norte de Mato Grosso. “Resumindo: começamos muito bem, mas da metade para o final da safra, a parte Norte do Estado pode ter chuvas mais irregulares, mal distribuídas, e o veranico pode atrapalhar um pouco”.