O governo de Mato Grosso vai estender em um mês o período proibitivo para queimadas na zona rural do Estado. A medida considera, entre outros motivos, uma maior procura por atendimento em unidades de saúde nessa época do ano. Os pacientes costumam ser idosos e crianças com doenças respiratórias.
O decreto com as datas ainda não foi publicado, mas o governo antecipou que, neste ano, a proibição vai se estender de 1º de julho a 30 de setembro.
Em anos anteriores, em geral, o período proibitivo ia de 15 de julho a 15 de setembro.
A decisão atende em partes uma recomendação do Ministério Público Estadual, que foi ainda mais exigente: queria uma proibição já a partir desta sexta-feira (5) e que se estendesse até o fim de outubro.
“Pesquisas demonstram que o período mais crítico para a saúde pública em Mato Grosso se dá no período de incidência das queimadas, entre os meses de abril a novembro”, argumentaram os promotores.
A preocupação é com o desafio que o Estado já enfrenta no combate à pandemia do novo coronavírus. A covid-19 compromete, justamente, as vias respiratórias e os pulmões de quem se infecta com a doença.
“A coincidência desses dois grandes impulsos, queimadas e covid-19, tenderão a aumentar a procura das unidades de saúde e causará prejuízos sociais e econômicos a toda a sociedade, com destaque para os residentes da área rural que habitam assentamentos, unidades de conservação e terras indígenas, exatamente por conta do menor acesso a unidades de saúde e maior exposição à poluição do ar”, acrescentaram os promotores.
Estiagem e monitoramento
Ainda de acordo com o governo, outros motivos que levaram à decisão são dados que apontam para um aumento nos focos de calor no Estado e a falta de chuvas.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre 1º de janeiro e 28 de maio, Mato Grosso registrou um aumento de quase 12% dos focos de calor, em relação ao mesmo período do ano passado.
Enquanto isso, o Brasil e outros Estados da Amazônia Legal registraram redução de 2,84% e 31,26%, respectivamente.
Também foi verificado que 44% do território mato-grossense apresenta pluviosidade abaixo da média dos últimos 30 anos. E a estiagem torna a vegetação mais fina mais vulnerável ao fogo.