Quem nunca pensou ou viu alguém falando sobre como o mundo está ficando mais doente, mentalmente falando?

Sempre parece que há um maior número de pessoas com transtorno de ansiedade, transtorno depressivo, etc. Há diversos preconceitos e teorias para esse aparente aumento. “Falta de Deus”, “excesso de tecnologia”, “na minha época se resolvia na palmada”. Uma teoria muito aceita é a diminuição da resiliência. Mas o que seria a resiliência?

Antes de falarmos sobre a resiliência, devemos lembrar o que seriam os Transtornos de Ansiedade e Transtornos Depressivos.

Transtorno de Ansiedade, de forma absurdamente resumida, são os transtornos cujo sintoma central é a ansiedade, traduzida por desânimos, dor torácica, palpitações, taquicardia, sudorese fria, sensação de morte iminente, alterações gastrointestinais como náuseas, vômitos, diarreia, dores, formigamentos, etc.

Os sintomas são vários e variam de pessoas para pessoa, mas o mais importante não é se o indivíduo já sentiu isso ou não. Se esses episódios de crise ocorrem de forma rotineira, ou se os sintomas, mesmo leves, estão presentes diariamente, atrapalhando a sua qualidade de vida, aí, sim, caracteriza-se o Transtorno de Ansiedade.

Sobre os Transtornos Depressivos, além de todos os sintomas acima descritos poderem estar presentes, temos como principal a tristeza ou um humor depressivo. Não é qualquer tristeza: é um sintoma constante, contínuo, presente quase o dia todo, quase todos os dias, há pelo menos 2 semanas ou mais.

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Mas por que alguém desenvolve tais transtornos?

Aqui entra a Resiliência e a teoria da diminuição ou ausência da mesma.

Do dicionário, resiliência é a “característica dos corpos que, após sofrerem alguma deformação ou choque, voltam à sua forma original”, sendo, no sentido figurado, a “capacidade natural para se recuperar de uma situação adversa, problemática” ou a “capacidade de quem se adapta às intempéries, às alterações ou aos infortúnios”.

Como a resiliência se forma?

Ela vem exatamente pelas intercorrências e traumas que a vida nos traz. Nunca saberemos o quanto uma ferida dói até que soframos aquele corte. Um homem não sabe a dor de um parto. Uma mulher nunca saberá a dor de uma bolada na região escrotal. O ser humano fica mais resiliente de acordo com o que lhe for causado.

Quem nunca sofreu, nunca saberá sofrer.

Esta nova geração se tornou uma geração que tem tudo a qualquer momento, talvez graças a tecnologia, que se avançou muito em qualidade e velocidade, talvez pelo excesso de cuidado que a geração passada transmitiu.

Uma geração que sofreu muito, mesmo resiliente, não quer que a próxima sofra o mesmo tanto, apesar de, por vezes, isso se fazer necessário. Não se sabe mais esperar, as coisas são todas para ontem. Uma notícia de 15 minutos atrás já se torna história velha. O sucesso vem de repente, sem aparente esforço (ou assim se transmite).

Existem formas de se tornar mais resiliente sem precisar sofrer. Inúmeras. Só não é fácil. Ter a paciência para educar um filho, sentar do seu lado, explicar o porquê do “não” ou do “sim”, ao mesmo tempo que é preciso ter a coragem para deixar experimentar, para conhecer a dor. Não é simples.

O caminho pelo sofrimento, apesar de doloroso, é o que mais ensina.

O mundo pode até estar ficando mais doente, mas as pessoas estão menos resilientes. Falta paciência, aprendizado, experiência… sofrimento. Traumas sempre existirão e todos devem passar por eles. Saber vivê-los é uma arte que demanda tempo.

Resiliência é a chave.

 

Dr. Lucas Loureiro é médico, CRM.MT – 7866, responsável Técnico da CAMPI e atua na área de Saúde Mental há mais de 3 anos. O seu instagram é @dr.lucasloureiro

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