25 de Abril em Portugal, ano de 1974 – Revolução dos Cravos; 25 Aprile na Itália, ano de 1945 – Liberazione d’Italia, Anniversario della Resistenza. Em comum mais que o dia e mês: a união pontual de democratas, social-democratas, democratas-cristãos, liberais com… comunistas!

Certamente não é tarefa fácil resumir de forma acessível tantos fatos, situações e variáveis de forma tão sucinta, mas foquemos na participação comunista em ambos os eventos.

Em Portugal o movimento começou com uma insatisfação de parte das forças armadas e degringolou para uma “revolução”contra o Estado Novo, na figura de Marcello Caetano, que substituiu de forma atabalhoada, para usar eufemismo, Dr. António de Oliveira Salazar. O quadro: Guerras Coloniais — vencidas por Portugal em África — contra guerrilhas comunistas bancadas pela URSS e que contavam com a plena condescendência americana já de longa data – quando não apoio diplomático e até econômico. Portugal venceu, mas não levou; rendeu-se, abandonou seus cidadãos (depois chamados de “regressados”) e entregou seu território centenário às milícias comunistas que até hoje dominam os países como ditaduras ou proto-ditaduras com eternas guerras civis. Acabada a união pontual, os comunistas tentaram um golpe dentro do golpe contra seus aliados, se verá adiante.

Em Itália dava-se o fim da Segunda Guerra Mundial; ao norte da península estava estabelecida a República Social Italiana (de Salò) – RSI como tentativa de manutenção do regime fascista contando com o apoio (ou a ocupação?) nazista. Um país dividido, depauperado por longos anos de batalha, com economia em frangalhos e tudo a se salvar ou reconstruir. Se não capitaneados “de facto”, os louros da “resistência” contra o fascismo e da “liberação” da RSI foram colhidos pelos “partigiani” comunistas (malgrado a noção de “partigiani” englobasse todos que não mais apoiavam os fascistas e a República de Salò). Terminada a guerra, os comunistas – como esperado – abriram fogo contra seus ex-aliados, sendo que antes e depois não pouparam a população civil a quem buscavam intimidar para imposição do novo regime ditatorial.

Em ambos os casos, além da data, há em comum o fato de que os comunistas eram financiados com armas, treinamento, dinheiro e lobby da União Soviética. O objetivo? Troca direta de regime: implementação de uma ditadura comunista aos moldes da URSS em ambos os países. Não havia segredos.

O processo, felizmente para portugueses, italianos e o Mundo, não foi completado com sucesso pelos comunistas. Em ambos os países conseguiu-se barrar o golpe dentro do golpe.

Em Portugal a conseqüência foi uma constituição de viés fortemente intervencionista e socialista (não à toa sempre elogiada nos bancos das faculdades brasileiras e, até mesmo, inspiração em temas como “meio ambiente”), mergulhando o país em um domínio da esquerda que prevalece até hoje, sendo que a “direita” portuguesa tem sido nada mais que uma esquerda social-democrata pusilânime, apática e fiel aos limites impostos pela esquerda.

Em Itália houve um quadro parecido, mas com ainda maior confusão e, para agravar, ação de terroristas comunistas (bancados pela URSS, claro!), como as Brigatte Rosse (Brigadas Vermelhas) e Proletari Armati per il Comunismo – PAC que mataram muitos inocentes. Do PAC, inclusive, fez parte o terrorista, comunista, italiano, assassino exilado no Brasil graças ao ex-presidente (hoje presidiário) Lula, o famigerado Cesare Battisti.

Como alguém com fortes ligações tanto com Portugal quanto com a Itália é uma data controversa para mim, de vários sentimentos misturados. Quem não ficaria feliz em derrotar um regime filo-fascista ou uma ditadura fascista?! Mas qual foi o custo de se aliar aos comunistas? Qual foi a conseqüência disso? Valeu a pena essa aliança para antecipar resultados que se desejavam antecipar à época?

Aliar-se a comunistas, ainda que pontualmente, tem sido um risco não calculado (ou com resultados não aceitos de antemão, ainda que mais do que previsíveis) por seus “amigos de ocasião”: liberais, democratas, democratas-cristãos, sociais-liberais e até alguns conservadores. Todas as vezes em que houve essa aliança improvável e pontual, os comunistas tão logo sentindo a ameaça maior aniquilada, voltam-se contra seus ex-aliados com crueldade e implacabilidade de quem crê que o outro é descartável no seu projeto de poder, um mero instrumento a se usar e jogar fora.

A Segunda Grande Guerra também traz esse exemplo na aliança entre Estados Unidos, França, Inglaterra e URSS. Não à toa, o grande General Patton (que muito me lembra Donald Trump física e comportamentalmente, e isso é um elogio!) sugeriu que assim que a Alemanha se rendesse os Aliados deveriam incorporar as forças alemãs derrotadas e marchar contra a União Soviética e exterminar a ameaça vermelha. Não só ele não foi ouvido como sofreu um suspeito acidente de jipe na Alemanha.

O que quero dizer com isso? Que aliar-se a comunistas não pode ser uma opção. Não a alguém são mentalmente e que tenha qualquer outra possibilidade que não entregar-se às mãos cruéis para ser imolado tão logo seu papel de idiota útil e descartável seja cumprido.

O Mundo pagou caro por não se marchar, com ou sem alemães, contra a URSS; Portugal está há quarenta anos em um limbo que muitas vezes chega a insignificância, tendo aberto mão de seu território mesmo vencendo uma guerra e chafurdado no que há de pior e mais progressista – não à toa elementos-chave das Nações Unidas e União Européia saem de Portugal (Barroso e agora Guterres para citar dois pelos demais), sendo Portugal é o primeiro a implementar medidas absurdas da UE e da ONU. A Itália segue com sua política caótica e sua constante ingovernabilidade, também dominada por um espectro malfazejo de esquerda.

Aliar-se aos comunistas não deve ser uma opção, pois seremos os primeiros a sermos imolados em seu projeto inescrupuloso de poder; se limam até mesmo os seus membros “em nome da causa”, o que não hão-de fazer com aliados tidos por descartáveis tão logo o possam?

* Fernando Henrique Leitão é advogado e membro do Instituto Caminho da Liberdade – ICL-MT

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