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Redução no tempo de tratamento de hanseníase é unilateral, rebate especialista

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Redução no tempo de tratamento de hanseníase é unilateral, rebate especialista

O novo modelo de tratamento contra hanseníase proposto pelo Ministério da Saúde, que reduz o tempo de acompanhamento de pacientes de doze para seis meses, recebeu novas críticas. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), a multidroga terapia única (MDT-U) não foi debatido e será implementado de forma “unilateral”.

A declaração contesta nota enviada pelo Ministério da Saúde à reportagem do LIVRE sobre críticas que foram feitas por médicos que atuam em Mato Grosso, estado que chegou a 4.065 diagnósticos em 2017, maior número de casos do país. No texto, a pasta afirma que o tratamento foi discutido no Comitê Técnico Assessor da Hanseníase (CTA).

“Houve reunião sim, mas não teve nenhuma reunião para discutir o MDT-U, o que houve foi reunião marcada para informar que ele seria implementado, foram reuniões puramente informativas”, rebateu Salgado. “O CTA está dizendo que não tem condições e mesmo assim o Ministério da Saúde quer implementar de forma totalmente unilateral, sem ouvir ninguém”, completou.

A Saúde diz que o MDT-U é baseado em estudos internacionais e em um “robusto” estudo brasileiro. Os dados destas pesquisas apontadas indicam que é possível reduzir o tratamento de hanseníase de doze para seis meses nos casos mais graves, os chamados casos “multibacilares”.

“É uma coisa totalmente extemporânea, totalmente fora de propósito, quando a nossa demanda é exatamente outra”, afirma o especialista. “Nós já temos estudos que comprovam que 10% dos casos de hanseníase tem resistência a alguns dos medicamentos usados e isso em um país onde falta diagnóstico e falta exame de contato da doença”, diz.

Dados do DATASUS apontam que o Brasil teve 32.152 casos da doença em 2017. O número está muito aquém do estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que tinha como meta menos de um caso para cada 10 mil habitantes.

“O Brasil deveria alcançar esta meta em 2000, arrastou-se para 2015 e nunca vai bater, porque estão enxugando o gelo e aí querem fazer o MDT-U por uma questão mais política do que técnica, para melhorar a imagem do país junto a OMS e junto a sociedade. Mas nós estamos estagnados, os números não mentem, o que querem extinguir a doença por decreto”, criticou o médico Werley Perez, ex-secretário de Saúde de Cuiabá.

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