Muita gente se recordou das histórias de Maria Taquara na semana passada quando a estátua dela foi retirada do local habitual, no centro de Cuiabá, para restauração.
A ausência da representação da personagem em ferro despertou entre a cuiabania e os paus rodados o questionamento: quem realmente foi esta mulher? Será que ela existiu?
Na verdade, até hoje ninguém sabe a origem ou destino da personagem. Faltam comprovações, fotos e registros oficiais de quem foi a folclórica figura de Maria Taquara, que chega a parecer ficção.
O pouco que se sabe está nas histórias, criadas por meio das narrativas de quem a conheceu e transmitidas pelo “boca a boca”.
Uma dessas pessoas é a pedagoga Nize de Carvalho, 81 anos. Ela conta que tinha 10 anos quando foi morar com a irmã. A casa ficava onde atualmente é a rua Eduardo Gomes, nas proximidades do 44º Batalhão de Infantaria Motorizada.
“Eu sempre via ela passar. Era bem magra, negra e mesmo com a simplicidade conseguia ser elegante”.
De acordo com a professora, Maria estava muito longe da figura que algumas pessoas tentam difundir. Ela não era medonha ou assustava as pessoas com a sua aparência.
Sempre estava bem vestida, mesmo com as peças puídas. O traje diário da lavadeira era a famosa calça, masculina e adaptada ao corpo dela, e camisa. “Ela gostava muito de vermelho e a calça não tinha babados”.
Nize lembra que as calças eram uma novidade, mas ela nunca foi desrespeitada por usá-las.
“As pessoas se acostumaram às calças e ela era séria, não dava espaço para conversa. Tinha muita compostura ao caminhar com a trouxa na cabeça”.
Agora, com relação aos hábitos noturnos dela, Nize afirma que não tem muito a dizer. “Eu era criança e não tinha conhecimento destas coisas. Mas tenho clara a figura dela passando pelas ruas”.
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Nas rodas de conversa, Maria Taquara é conhecida com uma mulher à frente de seu tempo. Ela usava calças, trabalhava para se sustentar, não tinha filhos ou marido, bebia e ainda tinha diversos namorados.
Conforme os relatos, não aceitava o apelido de Taquara e sempre que um engraçadinho a chamava por este nome, respondia: “De dia Maria Taquara e a noite, Maria meu bem”.