Quando meu avô faleceu eu era adolescente. Nos seus últimos anos de vida eu não estava tão próximo dele. Hoje eu teria feito diferente. É aquela história, nunca sabemos quando vamos perder quem amamos.

É claro que ficou saudade, não precisaria nem dizer. Mas ficou uma outra coisa. Conforme o tempo passava, o meu avô, que já era grande para mim, ia se tornando gigante.

Somando as histórias que minha avó contava com as descobertas da minha mãe e uma pitada de uma suposta maturidade minha, isso foi acontecendo.

Para uma pessoa desatenta, visitar os mais velhos pode parecer como assistir a um mesmo filme repetidas vezes. Mas há um tesouro escondido ali. Em primeiro lugar, eu não me incomodo, adoro ouvir as mesmas histórias carinhosas da minha avó. Só que a cada nova repetição, eu ouço um detalhe que passou despercebido.

É mais uma peça desse enorme quebra-cabeça que vai ficando cada vez mais rico em detalhes, ainda mais quando se faz as perguntas certas.

O Marco de hoje teria tanto para conversar com o seu avô Geraldo. Tantas perguntas, tantas histórias, tantos abraços. Em certos momentos penso: o que meu avô pensaria disso?

Essa pergunta é sucedida pelo silêncio.

Só que não é bem assim, porque ele está vivo. Sim, está!

Está vivo nas histórias que minha avó conta para mim. Nas lembranças da minha mãe, tias, tios e todos aqueles que o querem bem. Então, agora, descobri que posso conversar com meu avô através dessas histórias. Está tudo ali. Talvez eu não tenha todas as respostas, mas posso ter várias, ainda mais se fizer as perguntas certas.

Assim como as ondas que apagam as pegadas na areia, o tempo apaga muita coisa. Mas enquanto contarmos as mesmas histórias, todos aqueles que amamos estarão vivos.

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