Os profissionais da educação tomaram as ruas de Sinop (500 Km de Cuiabá) no fim da tarde desta quarta-feira (15), em adesão à paralisação nacional em protesto contra o corte de recursos da educação, anunciado pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL).
Durante a movimentação que se iniciou na Praça da Bíblia e se estendeu até a Praça Plínio Callegaro, os participantes entoaram falas de protesto e alertaram sobre os riscos do sucateamento do ensino.
De acordo com a presidente do Sintep Sinop, Maria Aparecida Lopes, o corte de recursos é grave. Para a sindicalista, o Governo Federal estaria fazendo uma retaliação à categoria por revolta do não apoio político.
“Estão usando a nossa educação de maneira partidária e revanchista, mais uma vez despejando os malefícios na população, sem pensar nas consequências de tais atos. Estão querendo retirar 30% da universidade e 50% do Fundeb – recursos específicos para pagamento da folha salarial dos professores da educação básica – e sem isso, inviabiliza um município como Sinop de bancar a educação, nas modalidades que temos hoje e com o número de vagas que temos”, ressaltou Lopes.
A sindicalista lembrou ainda que o município não despende de nenhum valor próprio da administração para realizar o pagamento dos professores. “Caso a gente não consiga reverter, vamos continuar repetidamente a fazer protestos em redes sociais, já que esse meio foi definitivo na eleição do atual presidente. Isso sem falarmos nas outras perdas que iremos receber com a reforma da previdência”, enfatizou.
Já o professor, Maurício Farias Couto, professor da UFMT Campus Sinop, ressaltou que as pesquisas na universidade vão ser duramente prejudicadas.
“Nós corremos o sério risco de perder a possibilidade de fazer os projetos de extensão, pesquisas, estudos e até mesmo de termos a redução de vagas para a formação. Isso é extremamente prejudicial, já que iremos perder nossa função essencial e capacidade de devolver à sociedade nosso serviços. Para além de todos esses prejuízos, a reitora da UFMT ainda veio a público informar que a universidade só tem recursos para funcionamento até julho, ou seja, corremos o sério risco de fechar as portas”, alertou o professor, lembrando que a unidade de Sinop atua com 11 cursos e com mais de 6 mil estudantes.
Para o estudante de 17 anos Rafael Souza, aluno do curso de técnico de automação industrial no IFMT Campus Sinop, a atitude do Governo Federal mostra a intenção da perpetuação da miséria no país.
“Estamos aqui hoje unidos em busca de garantir um futuro melhor com educação. O corte na educação está tirando a chance de termos um futuro. Sem educação, não iremos conseguir sair do ciclo da pobreza e miséria que nossos governantes querem nos impor”, destaca o estudante, lembrando ainda que os atuais gestores do país já ascenderam aos seus cargos, por isso não se preocupam com a qualificação dos mais humildes, “eles já estão ricos, o pobre que se dane, porque é mais fácil para manipular”.
Secretária de educação ameaça corte de ponto
Por meio de uma nota oficial divulgada logo após o fim do protesto no município, a secretária de educação, Veridiana Pagnot, informou os professores da educação municipal que a falta para o acompanhamento do manifesto seria descontada dos profissionais que aderiram ao movimento.
“Prezados, a Secretaria de Educação, Esporte, Lazer e Cultura, em fase aos comunicados formais e informais sobre o Ato Unificado, realizado no dia, informa que haverá a suspensão do pagamento do dia não trabalhado”, diz trecho do informe.
