Dois professores da Escola Estadual Marcelina de Campos, localizada no bairro Jardim Santa Amália, em Cuiabá, registraram Boletim de Ocorrência após serem impedidos de trabalhar nesta semana. O motivo seria a greve dos profissionais da rede estadual de ensino, que iniciou na segunda-feira (27).
De acordo com o registro policial, os dois professores chegaram para trabalhar no período da manhã no mesmo dia de início da greve, mas foram impedidos pela gestão da escola, que teria fechado o portão da unidade. Ambos se manifestaram contrários à paralisação promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT).
Em resposta, os professores mobilizaram alunos e pregaram cartazes com frases de ordem no portão da unidade. “Temos direito de escola”, “A decisão pela greve é coletiva, porém, aderir é uma decisão individual” e “O princípio da ética é o respeito”, são algumas das frases dos cartazes.
Desde então, o grupo tem se encontrado todas as manhãs em frente à escola, na esperança de que a direção abra o portão e deixe os profissionais e alunos ocuparem a escola.
À equipe do LIVRE, o professor Reginaldo Andrade disse que esta é uma manifestação pacífica e que, inclusive, profissionais e alunos tentam colher assinaturas para que a escola volte a abrir as portas. Apoiam os dois professores que registraram a ocorrência, outros cinco e uma técnica educacional, além de alguns alunos. No total, os “manifestantes” contra a greve somaram, só no primeiro dia de paralisação, cerca de 30 pessoas.
“Eu quero ter o meu direito de trabalhar preservado. No entanto, a direção da escola está usando de atitudes arbitrárias e não deixando a gente optar por isso”, reclamou Reginaldo, explicando ser contrário à greve por não concordar com a pauta de reivindicação dos profissionais da educação.
“O governador não vai arrancar dinheiro do bolso dele para dar a RGA para nós, apesar de ser constitucional. Nós não temos a esperança de que isso vai sair esse ano, pois o país está passando por uma crise. Este não é o momento para a reivindicação”, defendeu.
Outro lado
Em nota publicada na página da instituição, a direção da escola afirmou que a adesão à greve foi feita em assembleia no dia 22 de maio e que a unidade está fechada devido à greve geral, decidida democraticamente. De acordo com a diretoria, dos 28 servidores presentes na assembleia, 19 votaram a favor, 7 foram contra e 2 se abstiveram.
A diretoria ainda pontuou que não é a gestão escolar que delibera sobre a adesão à greve, mas a categoria.
Já o presidente do Sintep Cuiabá, João Custódio, disse ao LIVRE que a orientação do sindicato é que a escola permaneça fechada, já que a decisão de aderir à greve foi da maioria.
“A escola não pode abrir para dois ou três professores trabalharem com poucos alunos. Para contabilizar como aula dada, eles teriam que ter a presença de 70% dos alunos da escola. Então, o sindicato orienta a permanência do fechamento da instituição”, explicou Custódio.