Entender a lógica da planta e a lógica dos campeões em alta produtividade são fundamentais para o agricultor mato-grossense galgar ainda mais espaço entre os recordistas no cultivo de grãos. Para ajudar nesta conquista, consultores técnicos do Programa Soja Brasil deram um aula de como fazer um bom manejo nas lavouras de Mato Grosso, durante o Fórum Regional da Máxima Produtividade do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb), realizado em Rondonópolis, na última semana.
Para coordenador técnico do Cesb, João Augusto Lopes Pascoalino, o segredo está nas estratégias de manejo adotadas pelo produtor e na paciência, afinal, segundo ele, a alta produtividade de uma lavoura é construída de maneira gradativa.
“Não é uma missão fácil e nem de um ciclo para o outro. Mas estamos falando de um investimento acessível, que é o conhecimento teórico e prático. Não precisamos ir longe para ver um produtor investindo muito para alcançar um alto rendimento. No entanto, nós temos que fazer o básico bem feito, se fizermos isso vamos passar de 50 para 60 sacas e assim sucessivamente. Grandes safras, sem maiores investimentos”, explica.

No Centro-Oeste do país, a média de produtividade segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de 53,8 sacas por hectare, enquanto a média de produtividade do Desafio Cesb é de 79,9 sacas por hectare, diferença de 26,1 sacas. “Esse é o tamanho da nossa oportunidade ou, pelo menos, do potencial produtivo que temos nesta região”, disse.
Pascoalino afirma que para dar início a construção desse ambiente de produção é preciso começar a entender o perfil do solo, seguido de uma boa nutrição foliar e do manejo fitossanitário assertivo.

Já o professor da Universidade de Rio Verde (GO), Gustavo Pazzetti, falou sobre o “Manejo fisiológico para equilíbrio funcional de cultivos”, com foco na sojicultura. E destacou três itens essenciais para o agricultor atingir níveis elevados de produtividade: a qualidade das sementes, medida pelo vigor e não pela germinação, a velocidade da semeadura para que ocorra uma boa distribuição de plantas e ainda a aplicação preventiva de defensivos, mantendo a folha sempre sadia com boa base nutricional. “É fazer o feijão com arroz, fazer o básico”, disse.
Perfil do produtor
Para Nery Ribas, membro efetivo do Comitê e ex-presidente, no geral, o perfil do agricultor brasileiro é bem parecido e carrega uma certa resistência as novas tecnologias. “É uma resistência natural, mas isso está mudando principalmente com a segunda geração da família que produz”, disse.

Ele afirma que para a atividade se tornar economicamente viável o produtor precisa buscar novas alternativas, e para isso serve o Cesb. “Não dá mais para termos resultados de 50 sacas por hectare. Provocamos o produtor, trazemos uma reflexão, mostramos como aquele produtor campeão conseguiu se viabilizar. Nada acontece de um dia para o outro, mas o importante é começar, vai fazendo um pedaço da área, na safra seguinte aumenta a área e assim por diante”, explicou.
O ex-presidente do Cesb destacou ainda a facilidade do acesso à informação. Hoje, segundo ele, existem muitas literaturas disponíveis, pesquisas da Embrapa e até mesmo o próprio site do Cesb com os cases de sucesso, tudo gratuito.
Gutemberg Silveira, presidente da Aprosmat, também participou do evento e destacou o trabalho da associação para garantir a qualidade das sementes entregue ao produtor, auxiliando assim na obtenção de ganhos econômicos e produtivos.

“Hoje a Aprosmat trabalha com o mínimo de germinação de 85% enquanto o Ministério da Agricultura trabalha com 80%. Também temos um 0800 para denúncias, caso a semente entregue não esteja em conformidade, tudo de forma sigilosa, anônima”, garantiu. O canal direto para os produtores é o 0800-580-0260.
O Fórum Regional da Máxima Produtividade do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) passa pelas principais regiões produtoras do país e tem como objetivo promover o intercâmbio de informações e boas práticas de tecnologia e manejo estimulando melhores resultados no campo.
Os próximos Fóruns serão realizados em Cruz Alta (RS), Lavras (MG) e Paragominas (PA). A edição de Rondonópolis contou com o apoio da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), Fundação Mato Grosso e Aeagro.

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