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Produção, moda e sustentabilidade em debate no CBA

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Produção, moda e sustentabilidade em debate no CBA

A Pegada Hídrica de uma calça jeans no país que é o maior produtor de algodão sustentável do mundo foi o nome da sala temática do primeiro dia do Congresso Brasileiro do Algodão (12ºCBA) que trouxe à grade majoritariamente técnico-científica do evento a visão de “causa”.

O debate encabeçado pela Abrapa, através do diretor executivo da entidade, Marcio Portocarrero, teve como convidados a apresentadora de TV e especialista em ecologia e consumo sustentável, Chiara Gadaleta e o diretor superintendente da Vicunha, Marcel Imaizumi.

Abrapa, Vicunha e o Portal Ecoera são parceiras na iniciativa que visa a calcular o consumo direto e indireto desse insumo na vida útil de uma calça jeans, desde o plantio até o consumidor final. A sala reuniu os elos da produção agrícola, da indústria e da moda e sustentabilidade para falar sobre responsabilidade compartilhada no uso do recurso hídrico.

Marcio Portocarrero, em sua apresentação, relacionou os números alcançados pela cotonicultura brasileira e a adoção de uma mentalidade sustentável que elevou o país da categoria de importador de algodão até o posto de segundo maior exportador mundial da pluma. “A sustentabilidade – ambiental, social e econômica – foi entendida como único caminho para fazer renascer e perdurar a produção de algodão no país.

A bandeira se tornou um compromisso de todos os cotonicultores, representados pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que implementou o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que estabeleceu critérios para certificar, em nível nacional, a pluma sustentável e opera em benchmark com a ONG suíça Better Cotton Initiative (BCI).

A Better Cotton Initiative (BCI) é referência internacional em licenciamento de algodão produzido sob os parâmetros da sustentabilidade. “Trata-se de um programa global que está presente em 21 países, e sua chancela tem sido cada vez mais um diferencial de mercado, neste momento em que há um evidente incremento de procura por produtos produzidos em bases sociais, ambientais e economicamente corretas, como consequência da conscientização do consumidor final”, disse Portocarrero.

O programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), criado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), é gerido em cada estado produtor de algodão pelas suas associações filiadas. A parceria referenciada contribuiu para fazer do país o campeão mundial de fibra comprovadamente sustentável, com 31% do montante chancelado pela entidade internacional.

Além de explicar como surgiu e funciona o ABR, Portocarrero informou que o programa já se prepara para dar o próximo passo, com a certificação das algodoeiras no Brasil. “Cada passo que damos na certificação representa um avanço em sustentabilidade. Essas são duas etapas inseparáveis”, afirmou.

“O cotonicultor que adere ao ABR pode, automaticamente, optar por ser, também, licenciado pela BCI. A adesão aos programas é voluntária, e, ao fazê-la, ele se compromete a cumprir um rígido protocolo de boas práticas agrícolas nas suas fazendas, que contempla 224 itens, só na fase de verificação para diagnóstico que antecede a certificação, e outros 178 para a finalização do processo, que culmina com a expedição do certificado e a consequente emissão dos selos que serão fixados nos fardos”, explicou o executivo.

Pegada

De acordo com Chiara Gadaleta, antes de se mensurar a “Pegada Hídrica”, não se sabia um número fiel à realidade brasileira. O dado que era divulgado era importado do Estados Unidos, difundido pela americana Levis, e indicava um consumo de pouco mais de quatro mil litros por calça jeans. “Mas não sabíamos que metodologia foi utilizada para chegar a ele. Entendemos que precisávamos com urgência fazer esse cálculo, porque aí, sim, criaríamos um senso de responsabilidade compartilhada.

Todos, desde o plantio até o descarte da peça, incluindo as lavagens domésticas, somos responsáveis. Esse número de 5196 litros na produção de uma calca jeans é só o começo da conversa, mas ele é importante porque será a partir dele que vamos estabelecer uma meta de redução”, argumenta Gadaleta.

“É muito importante trazer para o congresso um olhar conectado com a atualidade. A moda é o repórter do seu tempo e, portanto, precisa falar sobre sustentabilidade, e, especificamente, sobre água. Esse é um evento técnico e ele precisa estar junto com o conceito de causa. .

 

O painel no CBA amplificou na cadeia produtiva uma conversa que é necessária, que pode render muitos frutos e o ambiente é muito propício”, disse Gadaleta. Ela acrescenta que a parceria do Pegada Hídrica com a Vicunha e a Abrapa a surpreendeu muito positivamente. “Fiquei encantada com o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que eu conhecia pouco”, revela.

A ideia do projeto que tem por base “medir para gerir” começou há dois anos. “Queríamos entender como a cadeia olhava o recurso hídrico e escolhemos entre a camiseta branca e a calca jeans, a peça mais querida do guarda-roupa do brasileiro.

Grande entusiasta

Para o diretor-superintendente da Vicunha, Marcel Imaizumi, participar do 12º CBA é parte de uma estratégia de sensibilizar o público para um movimento que está vindo do elo da cadeia do consumidor. “A gente vem contribuir com percepções de mudança de comportamento do mercado e como isso vai influenciar no futuro as decisões de compra, inclusive do próprio algodão.

O Brasil tem tudo para ser ainda mais competitivo, a primeira escolha dentre os fornecedores de algodão, mas tem um trabalho muito grande a se fazer. A Vicunha é uma grande entusiasta do ABR pelo que ele representa em termos de certificação e rastreabilidade, e ainda há muito a se desenvolver no programa no sentido de causa, que é a sustentabilidade

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