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Procuram-se padres: missas na Baixada Cuiabana vêm acontecendo por “milagre”

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Procuram-se padres: missas na Baixada Cuiabana vêm acontecendo por “milagre”
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Na Baixada Cuiabana, a Igreja Católica conta com um padre para cada 5 comunidades. Uma missão que parece impossível e precisa contar literalmente com um milagre diário para funcionar.

Conforme dados da Arquidiocese de Cuiabá, são cerca de 100 padres para atender 500 comunidades localizadas na Capital, Várzea Grande, Jangada, Acorizal, Barão de Melgaço, Nossa Senhora da Guia, Rosário Oeste, Santo Antônio de Leverger e Nobres.

Eles se dividem em 28 paróquias, formadas pelo conjunto de comunidades. Algumas delas, como a de Santo Antônio de Leverger, tem 35 comunidades.

Isso sem contar que, além das atividades habituais – celebrar missas, ouvir confissões, atender os fiéis e fazer visitas às famílias, hospitais e velórios –, os padres ainda acumulam funções administrativas nas igrejas.

No caso do Padre Francisco Amaral, por exemplo, além de vigário da Paróquia São João Bosco – que fica no bairro Cidade Alta e tem outras 2 igrejas –, ele é diretor da Rádio Difusora Bom Jesus e coordenador arquidiocesano pastoral.

“Não é só chegar e ler um papel. Tem o ato de atender as pessoas na entrada, se preparar, celebrar a missa e dar atenção àqueles que aguardam”, afirma.

Menos quantidade e mais certeza

O número de pessoas que ingressam nos seminários diminuiu em muitos lugares, mas com certeza os que hoje optam pela vida religiosa estão mais convictos.

Padre Francisco Amaral explica que, há algum tempo, muitos fatores sociais influenciavam na escolha de ser padre, como a busca por ascensão social, educação e mudança de casa.

“Agora, as pessoas chegam aos seminários depois de um processo, na qual há mais maturidade em relação ao chamado”.

A opinião do sacerdote é confirmada quando analisamos a idade das pessoas. Anteriormente, eram mais jovens e, agora, se ampliou os casos de vocações tardias.

Padre Francisco é um deles. Ele é filho único, cursou psicologia e tinha uma namorada como qualquer jovem da idade dele.

Tudo começou a mudar quando ele foi a um encontro religioso. O padre Jonas Abib fez uma pregação sobre o “Jovem Rico”.

“Falava sobre deixar tudo de material e seguir a Deus. Eu tive uma vontade imensa de fazer isto na hora, mas não sabia como”.

Aquele dia, em 2001, é tido pelo padre como o exato momento do seu chamado. A hora em que Deus revelou o seu plano para ele.

A partir de então, Francisco seguiu em constante conflito. “Eu me formei e as conquistas não me traziam a plenitude. Até que, em 2010, entrei no seminário. Hoje, com todas as provações e dificuldades, eu me sinto realizado”.

Padre não se produz em série

Quando questionado sobre a estratégia da igreja com relação à ampliação do número de padres, Amaral diz que a principal delas é rezar.

Ele justifica que padre é uma vocação e não uma profissão. Então, depende da vontade de Deus com relação àquela pessoa.

Padre Francisco Amaral é vigário na Paróquia São João Bosco, diretor da Rádio Difusora Bom Jesus e coordenador arquidiocesano pastoral. (Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

A formação de um padre dura cerca de 10 anos. Depois que entra no seminário, o primeiro ano é propedêutico e o aspirante a sacerdote aprende sobre as pessoas e a vida cristã.

Depois, seguem-se mais três anos de filosofia e quatro anos de teologia.

O período de estudos é longo e muitos desistem no meio do percurso. Conforme o padre, apenas 25% dos que entram chegam a ser ordenados.

Atualmente, a arquidiocese tem nove diáconos preparando-se para serem ordenados. ”É uma quantidade boa em relação a outras capitais. Algumas cidades querem até recebe-los”.

E como resolver a escassez

Na avaliação do padre, a única alternativa para minimizar o impacto da falta de padres é fortalecer as comunidades. Elas precisam estar mais presentes e dar o suporte possível e necessário.

“Precisamos de mais catequistas, ministros e agentes pastorais. Queremos que as pessoas sejam protagonistas dentro das comunidades”.

Neste sentido, o padre não fala sobre a substituição do sacerdote das atividades administrativas e demais reuniões, mas sim do auxílio.

Segundo ele, a vocação não está apenas para o sacerdócio, mas para as missões e o matrimônio também.

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