O diretor-presidente do Hospital Santa Rosa, José Ricardo de Mello, defendeu uma discussão mais ampla com o setor público para evitar incongruências nas cobranças de liminares judiciais, concedidas para custear tratamento de saúde no setor privado com recursos públicos estaduais. A declaração foi feita durante a abertura do 3º Simpósio do Hospital Santa Rosa em gestão hospitalar.
A unidade de saúde de Cuiabá, uma das referências no setor em Mato Grosso, entrou na discussão sobre a relação entre “público e privado” quando foi a primeira a deixar de atender aos pacientes do MT Saúde, em outubro de 2017. Segundo dados de 2015, as liminares concedidas para tratamento de saúde já abocanharam R$ 42 milhões dos cofres públicos estaduais.
“Esta é uma questão um pouco política. As liminares ocorrem porque o governo não tem leis suficientes para deter toda a demanda, não existe uma regra para as cobranças e há cobranças que não se justificam”, disse Ricardo Mello.
Discussão de valores
Na opinião de Mello, falta um debate mais aprofundado sobre o tema, o que poderia fazer com que tanto as unidades particulares de saúde acessadas para tratamento de usuários do Sistema Único (SUS), quanto juízes e gestores públicos, chegassem a um consenso sobre o valor de determinados procedimentos cirúrgicos e médicos.
“O melhor seria sentar à mesa, discutir e ver em que o privado poderia colaborar com o público, conversar de uma maneira bem clara e transparente. É isso que falta, porque nós temos um público e temos uma obrigação com este público, que é o público que paga plano de saúde”, comentou ele.
A discussão dos valores, segundo o diretor, excluiria completamente o que está consolidado na tabela SUS – que gerencia os valores unificados e de forma universal a cobrança pelos procedimentos cirúrgicos, medicamentos e outras ações de saúde pública. Para o executivo, o documento é defasado.
“A tabela SUS não é compatível, o SUS não é compatível com o Santa Rosa, é muito ineficiente, é uma tabela de 25 anos sem reajuste, não tem condições”, concluiu.