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Presente de grego: o LIVRE listou as piores obras que os políticos deram a Cuiabá

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Presente de grego: o LIVRE listou as piores obras que os políticos deram a Cuiabá
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Ao longo de seus 300 anos, Cuiabá já foi palco de uma infinidade de promessas de políticos que, apesar da boa vontade – pelo menos, assim esperamos –, acabaram entregando para a cidade verdadeiros presentes de grego, dignos de fazer inveja ao Cavalo de Tróia, que deu origem a essa expressão.

O período que mais se destaca nesse sentido, é o que antecedeu a Copa do Mundo de 2014. Por isso, faltando menos de um mês para o tricentenário da Capital, o LIVRE fez uma lista das obras públicas que já entraram para as páginas mais tristes da história da cidade. Confira:

1- VLT

Pensado para atender a demanda da Copa do Mundo de 2014, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) não poderia não estar na primeira colocação. Ele não apenas nunca foi concluído, como tem impedido que uma nova licitação do transporte coletivo da Capital aconteça.

De quebra, ainda foi objeto de um esquema de corrupção em que, pelo menos, R$ 18 milhões podem ter sido desviados para pagamento de propina. Isso sem falar no transtorno que causou no trânsito, quando as obras ainda estavam andando, e nas “cicatrizes” que ficaram pela cidade.

Uma Copa do Mundo depois do prazo de entrega, a conclusão do VLT ainda é uma incógnita. O contrato está suspenso e judicializado e um novo acordo entre o Consórcio construtor e o governo do Estado está em fase de tratativa.

Atualmente, a Prefeitura de Cuiabá trabalha para recuperar o paisagismo das avenidas afetadas pelas obras inacabadas (Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

2- Rodoanel

A obra foi lançada há 10 anos e, de lá para cá, já trocou de mãos algumas vezes. O atual responsável pelo empreendimento é o governo do Estado, que tem uma previsão de – se nada der errado dessa vez – lançar uma nova licitação em até 90 dias.

Estimativas anunciadas no ano passado dão conta que de que os cerca de 40 quilômetros – do total de 52 – que ainda precisam ser construídos vão custar aproximadamente R$ 500 milhões.

Pensado para ser um cinturão rodoviário que ligue as regiões industriais de Cuiabá e Várzea Grande – desviando o tráfego de caminhões do centro das duas cidades – o Rodoanel, hoje, já é quase uma lenda urbana. Além de alvo de denúncias de corrupção e batalhas judiciais.

O empreendimento começou com um projeto lançado pela Prefeitura da Cuiabá, que, em dado momento, tentou entregá-lo para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT); ele também passou pela extinta Agência de Execução de Projetos da Copa de 2014 (Agecopa), até chegar onde está hoje, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra).

Projeto prevê pouco mais de 52 quilômetros de pista duplicada ligando Cuiabá a Várzea Grande (Foto: Reprodução)

3- Centros de treinamento

Quando a Copa do Mundo de 2014 ainda parecia um evento distante no tempo, eles eram três. Mais tarde, só dois começaram a ser construídos e, até hoje, nenhum foi entregue.

A ideia era que os Centros Oficiais de Treinamento (COTs) – como o próprio nome sugere – fossem usados pelas seleções de futebol que vieram jogar em Cuiabá na Copa do Mundo de 2014. Passado o evento mundial, a população de Cuiabá e de Várzea Grande deveria poder usufruir deles.

O de Cuiabá, construído dentro do campus da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) é, segundo levantamento deste mês, o que está mais próximo de, finalmente, ser entregue. Ao custo de pouco mais de R$ 17 milhões, ele deve ficar pronto em agosto.

Já o de Várzea Grande, localizado na Barra do Pari, teve o contrato de aproximadamente R$ 31,7 milhões rescindido em abril de 2018. O governo do Estado não informou se há planos para retomar a obra, muito menos quando isso aconteceria.

Segundo o governo do Estado, o Centro Oficial de Treinamento da UFMT está 86% pronto (Foto: Meneguini/Gcom-MT)

4- Arena Pantanal

Ela custou mais de R$ 600 milhões e até foi usada na Copa do Mundo de 2014. Mas agora, com um custo mensal de R$ 300 mil para os cofres públicos, é protagonista de um desafio: o que fazer para que a Arena Pantanal não se transforme em um elefante branco?

No governo passado, parte da estrutura foi usada para abrigar uma escola, parte para eventos culturais. O atual tenta consertar o que já está estragado, para que o local sirva também para o que, inicialmente, se imagina que um estádio deve ser usado: partidas de futebol.

Além disso, estruturas da administração pública que hoje ocupam prédios alugados, como o 10º Batalhão da Polícia Militar, podem ser transferidas para dentro da Arena. Uma forma de economizar dinheiro [o do aluguel] e dar alguma funcionalidade a espaços ociosos.

Paralelamente a tudo isso, falta a Justiça decidir de quem é a Arena é, se do governo do Estado, que já a utiliza, ou ainda do consórcio construtor, que não a entregou oficialmente ao poder público porque ela não estaria 100% concluída.

Arena Pantanal até serve de palco para jogos de futebol, mas sempre com público bem abaixo da capacidade máxima do estádio (Edson Rodrigues | Secom MT)

5- Miguel Sutil

Também parte do pacote da Copa do Mundo de 2014, as trincheiras e viadutos construídos na Avenida Miguel Sutil até cumpriram o objetivo de desafogar o trânsito em diversos pontos da via, mas a qualidade de algumas dessas obras deixou a desejar. Pontos de alagamento, placas de contenção que despencaram e asfalto irregular são fatores que justificam a citação nessa lista.

O período de construção dessas trincheiras e viadutos foi de tumulto no trânsito e não durou pouco tempo. A do bairro Santa Rosa, por exemplo, só foi concluída no ano passado, quatro depois do prazo inicialmente anunciado e quando já era utilizada há um bom tempo pela população.

Uma série de interrupções na execução do projeto, que passou até pela falência da construtora e por licitações desertas – ou seja, sem nenhum interessado em assumir o empreendimento – depois disso foram alguns dos “contratempos” que roubaram tempo dos cuiabanos e encareceram ainda mais a estrutura.

Trincheira do Santa Rosa era sinônimo de caos no trânsito até meados do ano passado (Foto: GcomMT/Maria Anffe)

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