Principal

Prefeitura oferece remoção de tatuagem a jovem torturado

4 minutos de leitura
Prefeitura oferece remoção de tatuagem a jovem torturado

Reprodução

Montagem Tatto Testa

 Agressores gravaram tortura de rapaz suspeito de tentar furtar bicicleta 

O adolescente de 17 anos que foi tatuado à força em São Bernardo do Campo deve ser submetido a um tratamento para remoção da marca. Em nota, a Prefeitura da cidade, do ABC Paulista, afirmou que vai garantir o procedimento por meio de um convênio com a Faculdade de Medicina do ABC. A informação foi confirmada pelo tio do menino, Vando Rocha, de 33 anos.

Desaparecido desde o dia 31 de junho, o menino foi encontrado no sábado, 10, próximo à pensão em que foi amarrado, agredido e tatuado na testa com a frase “Sou ladrão e vacilão”. Os autores da tortura filmaram o ato, acusando o rapaz de ter tentado furtar uma bicicleta de um homem com deficiência física. O vídeo viralizou.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, o dono da bicicleta, Adenilson Oliveira, afirmou que soube da suposta tentativa de furto pela imprensa. Ele criticou a atuação dos torturadores, o tatuador Maycon Wesley Carvalho dos Reis, de 27 anos, e Ronildo Moreira de Araújo, de 29 anos, que moravam em uma pensão popular no centro da cidade. Segundo ele, o veículo estava quebrado e não era mais utilizado. 

Doações
Algumas clínicas e estúdios de tatuagem também procuraram a família para oferecer a remoção da tatuagem. Além disso, o coletivo Afroguerrilha angariou R$ 18,4 mil em um site de financiamento coletivo. O valor deve ser liberado em 14 dias.

De acordo com o autor da vaquinha, que prefere não divulgar o nome por ter recebido ameaças após a repercussão do caso, o valor será destinado à avó do menor de idade, enquanto outra parte será utilizada na compra de uma bicicleta para o homem que teria sofrido a tentativa de furto.

O adolescente reside com a avó e um tio em uma residência de dois cômodos na periferia de São Bernardo. O local está com a água e a luz cortados devido a uma dívida de R$ 5 mil.

O tio diz ser a única pessoa que garante renda para a família, obtendo cerca de R$ 250 semanais com trabalhos informais como carregador de carga. Os três ainda terão de deixar a residência até o fim do mês porque o terreno está dentro do inventário da família, que será dividido entre sete pessoas.

“A vaquinha vai ajudar muito. Não sei nem como agradecer. O pessoal aqui nas proximidades também trouxe mantimentos, está nos ajudando. O que fizeram com ele não se faz com ninguém, nem mesmo com um animal”, diz Rocha.

Segundo ele, o menino está muito abalado com a situação e tem vergonha de sair de casa e se olhar no espelho. Com outros cinco filhos menores, a mãe do garoto vive em Itapecerica da Serra, também na região metropolitana de São Paulo, em uma casa de dois cômodos. A única fonte de renda da família dela vem do marido.

O caso está sendo acompanhado pelo coordenador da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos da Pessoa Humana (Condepe), Ariel de Castro Alves. “Ao suspeitar de um crime, deve-se chamar a polícia. Eles jamais poderiam ter cometido uma violência desse tipo, que prejudicou a vida do menino e deles próprios, que também são jovens e pobres”, diz o advogado.

(Com Agência Estado)

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes