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Frustração imobiliária após supervalorização no período pré-Copa reduziu preços de imóveis, diz secretário
Quem mora em Cuiabá, em 2018, pode ter uma surpresa ao receber o talão do IPTU. De acordo com o secretário municipal de Fazenda, Antônio Roberto Possas de Carvalho, a revisão da planta genérica da capital, iniciada nesta semana, pode reduzir os valores venais dos imóveis e, consequentemente, do imposto a ser cobrado.
A explicação para a baixa é uma, segundo ele, supervalorização imobiliária no período pré-Copa do Mundo, seguida de uma frustração do mercado diante da não conclusão de muitas das obras planejadas para o Mundial de 2014.
O curioso é que obras que saíram do papel também contribuíram para essa posterior queda nos preços. Possas de Carvalho cita como exemplo o viaduto da UFMT que, segundo ele, colaborou para a desvalorização de imóveis localizados nas proximidades da avenida Fernando Corrêa da Costa.
Ainda conforme o secretário, a planta genérica de Cuiabá atualmente em vigor foi revisada pela última vez em 2010. De lá para cá, o registro de preço dos imóveis na prefeitura sofreu somente atualizações com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que resultou em um aumento de mais de 50% do valor venal. O problema, segundo ele, é que isso não se repetiu no mercado.
“Essa nova planta que vai ser elaborada visa fazer uma revisão desses valores e adequá-los ao valor real de mercado. Provavelmente, teremos muitos casos de redução e, daí, se reduz, é claro, o valor do IPTU”, explica.
Para revisar a planta genérica, uma comissão criada na prefeitura realiza um levantamento do preço do metro quadrado de imóveis em cada uma das regiões da cidade. Para estipular o valor, são levadas em conta “comodidades” como asfalto na rua, linhas transporte coletivo nas proximidades, além da presença de comércio, unidades de saúde, escolas, entre outros.
Ednilson Aguiar/O Livre
Secretário de Fazenda, Antônio Roberto Possas de Carvalho acredita em equilíbrio com inclusão de novos contribuintes no IPTU
Arrecadação
Possas de Carvalho afirma que a prefeitura ainda não tem certeza se a medida vai causar uma queda na arrecadação, nem de quanto ela seria. Para 2017, a previsão é de que o IPTU renda aos cofres municipais cerca de R$ 156 milhões.
O secretário crê, todavia, que a inclusão de novos contribuintes na planta genérica – que ocorreu com a abertura de novos bairros e a construção de condomínios residenciais ao longo do ano passado – equilibre a conta.
Ele pontua ainda que, embora a previsão seja de uma redução do valor venal dos imóveis de forma igualitária em quase toda Cuiabá, em algumas regiões já se sabe que houve o movimento inverso. Possas de Carvalho cita o exemplo dos imóveis localizados na região da Avenida das Torres que, de acordo com ele, tiveram uma valorização nesse período.
Outra aposta da prefeitura é a estimativa de regularizar a documentação de mais de 100 mil imóveis até 2019. A meta foi estabelecida no mês passado, quando o prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB) sancionou a Lei n° 6.691/2017, que “flexibiliza” as regras de edificações do município.
A medida deve beneficiar proprietários de imóveis que não têm escritura e o chamado habite-se e, consequentemente, não constam como contribuintes de IPTU para a capital. Possas de Carvalho pondera, todavia, que ela também pode aquecer o mercado imobiliário – porque a documentação facilita transações de compra e venda – e, dessa forma, os preços podem cair ainda mais.
Prazos
A prefeitura só deve ter certeza sobre o valor a ser arrecadado com o IPTU de 2018 quando o trabalho de revisão da planta genérica for concluído. A previsão é que o projeto de lei – que precisa ser encaminhado para a Câmara Municipal – fique pronto até o final de setembro, mas o prazo pode ser prorrogado.
Já os vereadores, terão até o dia 31 de dezembro para analisar, votar e enviar o projeto para sanção do prefeito e publicação em Diário Oficial. Todo o trâmite da mudança precisa ser concluído ainda em 2017 para que os novos valores possam ser aplicados em 2018.