Cerca de 80 médicos que trabalhavam nos hospitais públicos São Benedito e Pronto-socorro e Municipal de Cuiabá pediram demissão e alegam que estão há três meses sem receber da Hipermed, empresa contratada pela Empresa Cuiabana de Saúde Pública, ligada à Prefeitura de Cuiabá.
Em uma carta aberta, os profissionais informaram que atuam em situação aquém da ideal, sob um regime de contratação precária e se mantiveram nos postos mesmo diante das demandas causadas pela pandemia. Contudo, o atraso dos salários tornou a situação insustentável.
“Nesta carta, não apenas a nossa indignação, mas também nosso desligamento desses vínculos precários estabelecidos com o serviço público por meio de empresas terceirizadas, em especial Hipermed e seu grupo empresarial, que não demonstram possuir compromisso com a qualidade dos serviços e com os direitos dos médicos. Não estão cumprindo com o básico que é manter os pagamentos dos médicos em dia que não falharam um dia sequer com seu compromisso de trabalhar na garantia do direito à saúde”, afirmam os profissionais em um trecho da carta.
O que a Hipermed tem a dizer?
A empresa Hipermed se manifestou na manhã desta terça-feira(26) sobre a questão. Informou, por meio de nota oficial, que 60% os médicos das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) já receberam o mês de agosto e os 40% restantes recebem ainda esta semana. Desta forma, estarão em dia, já que o mês de setembro vence em 30 de outubro.
Segundo a empresa, a demora na quitação dos salários está relacionada com a morosidade da Empresa Cuiabana de Saúde Pública em fazer os repasses acordados. Afirmou ainda que efetiva os pagamentos conforme recebe os repasses dos entes públicos, tendo em vista que faz o gerenciamento não só dos recursos humanos médicos, como da equipe multidisciplinar e insumos.
De acordo com a nota, a Hipermed justifica que tem feito os pagamentos com recursos próprios para tentar minimizar o dano por conta dos atrasos e alguns contratos ficaram prejudicados.
Com relação a dispensa de profissionais, a empresa esclarece que tem relação com a redução do leitos exclusivos para covid-19, conforme determinação da Secretaria de Estado de Saúde.
O que a prefeitura tem a dizer sobre o assunto?
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP) informou, por meio de nota, que desconhecem o pedido de demissão de médicos terceirizados que supostamente teria sido divulgada através de carta aberta sem assinatura, ou seja, legalmente sem validade e que sequer foi entregue aos gestores da saúde municipal.