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Pré-sal caipira: porcos geram energia para cidade do Paraná

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Pré-sal caipira: porcos geram energia para cidade do Paraná
(Foto: Divulgação Governo Federal)

Desde a última quarta-feira (26), 72 prédios da prefeitura de Entre Rios do Oeste, no interior do Paraná, são abastecidos com energia elétrica gerada pelos dejetos de 40 mil porcos de criadores da região.

São 215 toneladas de fezes produzidas em 18 propriedades rurais que, após tratamento, se transformam em biogás.

Tudo de uma forma razoavelmente simples: os dejetos são recolhidos e acondicionados em biodigestores, onde são decompostos por bactérias, gerando o biometano. O gás é transportado por gasodutos. Sua queima aciona um gerador que produz a eletricidade.

A iniciativa partiu de uma parceria do poder público com o Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), que viram uma oportunidade de diminuir a poluição ambiental. Apesar de pequena, Entre Rios do Oeste conta com uma criação de mais de 150 mil suínos.

Economia

A iniciativa não é nova. Produtores rurais já fazem o uso de dejetos para a produção de energia, utilizada para consumo próprio. A diferença é que a energia produzida é “vendida” para a prefeitura, gerando recursos para os produtores.

Com 480 kW de potência instalada, a energia produzida na usina é vendida para a Companhia Paranaense de Energia (Copel), financiadora da iniciativa. O total produzido é descontado das contas de luz do município.

Já à prefeitura cabe o pagamento a cada produtor pela energia gerada. A estimativa é que os produtores envolvidos recebam de R$ 900 a R$ 5 mil, a depender da quantidade de biogás produzida por cada um.

O procedimento utilizado é o da micro e minigeração distribuída, regulamentado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Por esse modelo, o consumidor pode produzir a própria energia, a exemplo do uso de painéis solares, e depois injetar na rede de distribuição. Essa energia pode ser utilizada para abater até a totalidade da conta de luz de uma ou mais unidades do mesmo titular.

A diferença é que no modelo de Entre Rios do Oeste, a prefeitura remunera os produtores pela produção do biogás. Medidores nas propriedades mostram a quantidade de biogás de cada um ao longo do mês.

Ao mesmo tempo, um medidor especial mostra a quantidade de energia produzida pela usina e injetada na rede. Uma conta simples mostra quanto cada metro cúbico de biogás gera em termos de energia elétrica, o que possibilita a cada produtor saber quanto vai receber por sua produção.

“Quanto mais o produtor produzir biogás é melhor para a prefeitura porque gera crédito [junto à distribuidora de energia] e se ela [a Prefeitura] não usar, pode deixar o crédito para o mês seguinte”, explica o presidente do CIBiogás, Rodrigo Régis Galvão.

Pré-sal caipira

A iniciativa de produzir energia elétrica a partir de biogás gerado por dejetos de suínos começou em 2016. No total, foram investidos R$ 17 milhões na construção de 22 km de gasodutos e da usina. Os custos com a instalação dos biodigestores foram arcados pelos produtores rurais.

Além de dejetos de suínos, também é possível produzir biogás com dejetos de outros animais e com matéria-prima vegetal, como a cana de açúcar.

Galvão aponta que a região Oeste do Paraná tem grande potencial para produzir energia a partir desse tipo de matéria prima. Trata-se um dos estados brasileiros com as maiores criações de suínos e de aves. A previsão agora é que o projeto seja instalado em outras cidades do Estado.

“O país ainda não tem rede coletora, infraestrutura para levar o gás produzido no litoral para o interior. Mas a gente tem um grande potencial de gás a partir de outras fontes, então o Brasil tem que usar esse potencial que tem”, ele defende.

“Se já existe o pré-sal, a gente chama esse nosso potencial de pré-sal caipira”, completa.

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