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Povos indígenas e agricultores se unem para criar rede sustentável na Amazônia

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Povos indígenas e agricultores se unem para criar rede sustentável na Amazônia

Representantes de quatro povos indígenas, quatro associações e uma cooperativa de agricultores estiveram reunidos em maio, em Juruena, no Noroeste de Mato Grosso, para discutir a criação da Rede Sentinelas da Floresta. A proposta da rede é uni-los para valorizar o potencial da comercialização dos produtos do extrativismo e agricultura familiar para o mercado nacional e internacional.

Aumentar a escala de produção e fortalecer as organizações de base comunitária são outros dos objetivos da rede, que conta com apoio do projeto Poço de Carbono Juruena, patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Fazem parte da rede que está sendo construída associações dos povos indígenas Cinta Larga, Munduruku, Apiaká, Kayabi, juntamente com as Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena – Aderjur, Cooperativa de Agricultores do Vale do Amanhecer – Coopavam, Associação de Mulheres Cantinho da Amazônia – Amca, Associação Marias da Terra – Amater e Associação de Mulheres Andorinhas do Canamã – Amac.

Marcelo Munduruku, da Aldeia Nova Munduruku, em Juara, a cerca de 300 km de Juruena e 700 km de Cuiabá, capital de Mato Grosso, explica que seu povo produz cerca de 15 toneladas de castanha-do-Brasil por safra. Ele lembra que antigamente a produção era dispersa, mas a partir de projetos como o Poço de Carbono Juruena, que apoiou a organização do extrativismo, o valor do quilo produzido teve um aumento de R$ 1,50 para R$ 4,00. O resultado dessa aliança que já dura cinco anos é fundamental para avançar na proposta da criação da rede de parceiros.

“Precisamos nos unir com outros grupos que tem o mesmo objetivo comum, que apostem em outros meios que não a monocultura”, explica. “Nós temos potencial para o agroextrativismo também de cacau, açaí, seringa, buriti e outros produtos”, complementa.

Já Kawayp Katu Kayaby, presidente da Associação Indígena Kawaiwete, que une 66 famílias que produzem cerca de 180 toneladas por safra, acredita na força da proposta, mas que é preciso ser bem discutida nas aldeias. “Temos que discutir muito a criação da rede na nossa comunidade, porque precisamos pensar na produção de outros produtos e na sustentabilidade das nossas famílias”, acrescenta.

Esta é a mesma opinião da Marcia Kraemer dos Santos Souza, vice-presidente da Aderjur, entidade que executa o projeto Poço de Carbono Juruena. “A nossa associação já tem 22 anos, nós temos um nome forte e sempre ajudamos outras associações. Está na hora de unirmos nossas forças”, explica.

Para Márcia, a força da rede Sentinelas da Floresta está em organizar esses atores para planejar um desenvolvimento para essas entidades e elas poderem negociar melhores preços e condições com os compradores de castanha e outros produtos que tem origem na agricultura familiar e no extrativismo.

Próximos passo

A criação da Rede Sentinelas da Floresta tem sido facilitada pela Conexsus, com apoio da Climate and Land Use Alliance (Aliança Climática para o uso da Terra) – Clua. A Conexsus tem como proposta incentivar negócios sustentáveis, especialmente na Amazônia, para ajudar a promover uma economia de baixa emissão de carbono.

O consultor da entidade, Fragoso Junior, explica que foi realizado um diagnóstico das organizações para entender como cada uma delas poderiam contribuir na consolidação da rede. “Avançamos na proposta de funcionamento da rede, com um plano de ação, compromissos e ações coletivas e individuais”, explicou.

“Também apresentamos um produto, que é um plano de investimento híbrido, que conta com apoio de fundos não-reembolsáveis para apoiar soluções dessa iniciativa”, finaliza.

As discussões para a criação da rede Sentinelas da Floresta deverão ser intensificadas nas próximas semanas até sua formalização.

Sobre o projeto Poço de Carbono Juruena

Desenvolvido pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena – Aderjur, com patrocínio da Petrobras, o projeto Poço de Carbono Juruena apoia o extrativismo de castanha-do-Brasil em vários municípios do Noroeste de Mato Grosso. Também incentiva a diversificação de cultivos na recuperação de áreas por meio de sistemas agroflorestais em pequenas propriedades de Juruena. Dessa forma, os agricultores têm diversas opções de cultivos e uma renda garantida e melhor distribuída ao longo do ano. Além do benefício econômico, os sistemas agroflorestais “imitam” o comportamento da floresta, armazenando carbono e ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

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