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Polícia encontra bolsa cheia de dinheiro na casa de Arcanjo

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Polícia encontra bolsa cheia de dinheiro na casa de Arcanjo

Durante a prisão de João Arcanjo Ribeiro na manhã desta quarta-feira (29), a Polícia Judiciária Civil, por meio de equipes da Delegacia Especializada de Fazenda e Crimes Contra a Administração Pública (Defaz) e da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), encontrou uma bolsa cheia de dinheiro na casa do comendador.

Um vídeo mostra policiais civis fazendo a primeira contagem do dinheiro – segundo a assessoria da Polícia Civil, R$ 201 mil – ainda na casa do comendador, localizada no Bairro Boa Esperança, em Cuiabá.

Arcanjo foi um dos 33 alvos da Operação Mantus, deflagrada na manhã desta quarta-feira (29) pela Polícia Civil, com o objetivo de prender duas supostas organizações criminosas envolvidas com lavagem de dinheiro e com a contravenção penal denominada “Jogo do Bicho”.

Ao todo, a operação visa dar cumprimento a 63 mandados judiciais, 33 de prisão preventiva e 30 de busca e apreensão domiciliar, todos expedidos pelo juiz Jorge Luiz Tadeu, na 7ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá.

As ordens judiciais são cumpridas em Cuiabá, Várzea Grande e em mais cinco cidades do interior do Estado. Um dos alvos foi preso no aeroporto de Guarulhos com apoio da Polícia Federal.

Investigação

Conforme informações da Polícia Judiciária Civil, as investigações iniciaram em agosto de 2017 e levaram a duas organizações criminosas que seriam as responsáveis por comandar o jogo do bicho em Mato Grosso. Em um ano, essas organizações movimentaram, apenas em contas bancárias, mais de R$ 20 milhões.

Ainda segundo a PJC, João Arcanjo Ribeiro e seu genro Giovanni Zem Rodrigues seriam os líderes de uma das organizações. A outra seria comandada por Frederico Müller Coutinho (leia histórico de Arcanjo e Müller abaixo).

Durante as investigações, foi identificada uma acirrada disputa de espaço pelas organizações de Arcanjo e Frederico Müller, havendo situações de extorsão mediante sequestro praticada com o objetivo de manter o controle da jogatina em algumas cidades.

A Polícia Civil também identificou remessas de valores para o exterior, com o recolhimento de impostos para não levantar suspeitas das autoridades. Foram decretados os bloqueios de contas e investimentos em nome dos investigados, bem como houve o sequestro de ao menos três prédios vinculados aos crimes investigados.

Os suspeitos vão responder pelo crime de organização criminosa, lavagem de dinheiro, contravenção penal do jogo do bicho e extorsão mediante sequestro, cujas penas somadas ultrapassam 30 anos.

O delegado titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado, Flávio Stringueta, cita a integração entre a GCCO e a Defaz como um dos pontos principais para o êxito das investigações. “Em especial, dos Núcleos de Inteligência, que desempenharam um trabalho de excelência, sob a coordenação do delegado Luiz Henrique Damasceno”, destacou.

Para o delegado Luiz Henrique Damasceno, um dos coordenadores das investigações, a ação demonstra o trabalho qualificado da Polícia Civil, que, por meio do uso do Laboratório de Dinheiro, visou a atacar principalmente o aspecto financeiro das organizações criminosas.

A operação, coordenada pela Diretoria de Atividades Especiais, conta com o apoio da Diretoria Metropolitana, Diretoria do Interior, além do auxílio do Laboratório de Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil na coleta dos dados, que foram trabalhados pelas equipes que atuaram diretamente no Inquérito Policial.

Histórico dos principais alvos

Popularmente chamado de “Comendador”, Arcanjo se tornou conhecido nas décadas de 80 e 90 ao ser acusado de liderar o crime organizado em Mato Grosso, de ser o maior “bicheiro” do Estado e de estar envolvido com a sonegação de milhares de reais em impostos.

Em 2002, ele foi alvo da Operação Arca de Noé, da Polícia Federal e teve o mandado de prisão preventiva expedido pelos crimes de contravenção penal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e homicídio. Ele conseguiu ficar foragido por cerca de um ano, sendo preso somente em abril de 2003, no Uruguai.

Arcanjo ficou preso por 15 anos e conseguiu a progressão de pena para o regime semiaberto em fevereiro de 2018, voltando a morar com a família em Cuiabá.

Já o empresário Frederico Müller Coutinho é um dos delatores da Operação Sodoma, que investigou fraudes que resultaram na prisão do ex-governador Silval Barbosa. Segundo a Polícia Civil, Müller confessou que trocava cheques no esquema e que chegou a passar dinheiro para o então braço direito do ex-governador. Os cheques teriam sido emitidos como parte de um suposto acordo de pagamento de propina ao grupo político do ex-governador.

Operação Mantus

Na mitologia etrusca, Manto (em latim: Mantus) é o Deus do mundo dos mortos no vale do rio do Pó. Manto também é conhecido como o Deus do azar, onde chamava atenção de suas vítimas através de jogos, roubando assim suas almas.

(Com Assessoria)

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