Ednilson Aguiar/O Livre
Em meio à poeira e sol escaldante, moradores deixam o local sob vigilância da Polícia Militar
Por volta de 150 famílias foram despejadas nesta quarta-feira (30/08) pela Polícia Militar de uma área conhecida como Três Marias, situada nas proximidades do bairro Parque Cuiabá, na capital. A reintegração de posse foi determinada pela 2ª Vara Cível de Direito Agrário de Cuiabá e teve início às 6 horas.
Sob alegação de falta de diálogo prévio, os moradores chegaram a atear fogo em uma espécie de barricada de pneus feita às pressas para tentar dificultar a entrada dos policiais, que responderam com bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e uso da cavalaria. Na confusão, algumas pessoas acabaram feridas pelos estilhaços.
“Foi um inferno esta manhã. Ninguém entendia direito o que estava acontecendo, apenas que queriam nos tirar à força de nossas casas. A maioria aqui não tem para onde ir”, afirmou o montador de móveis Uiliam Santos, 28 anos, que mora no local há quatro anos.
A desempregada Rose da Silva, 36 anos, relatou que teria se organizado com antecedência para buscar um novo lar, caso soubesse da ação de hoje. “Eu realmente não sei para onde ir. Onde todo mundo estiver indo, vou também”, contou.
Pouco depois das 10 horas, a situação no local estava mais amena e equipes da Energisa, empresa responsável pela distribuição de energia elétrica, já retiravam os postes da área.
Em meio à poeira e sol escaldante, as famílias colocavam para fora dos barracões e construções de alvenaria os móveis e eletrodomésticos.
A Secretaria Municipal de Assistência Social chegou a ceder caminhões para o transporte dos pertences dos moradores.
O tenente-coronel Marco Antônio Guimarães, que conduziu a ação, disse que houve um aviso anterior às famílias para que deixassem o local.
Questionado se a reintegração desta quarta-feira havia sido comunicada aos moradores, não soube informar.
“Ninguém foi preso ou machucado com gravidade. Tivemos que usar da força em algum momento para que os oficiais de justiça cumprissem a determinação judicial”, minimizou.
