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Plantio de palmeira contraria decreto que prevê 70% de mudas nativas

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Plantio de palmeira contraria decreto que prevê 70% de mudas nativas

O prefeito Emanuel Pinheiro anunciou nesta terça (23) o plantio de pelo menos 350 mudas de palmeiras nos canteiros centrais por onde passaria (ou passará, não se sabe) o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), cujas obras estão desativadas. Mas um decreto de 2012, assinado pelo ex-prefeito Chico Galindo, determina que pelo menos 70% das mudas plantadas na cidade sejam nativas. O decreto ainda coloca a palmeira como uma espécie a ser evitada.

O decreto 5.144 de 15 de fevereiro de 2012 estabelece orientações para a arborização urbana da cidade que devem ser seguidas tanto pelo poder público quanto por particulares.

Na arborização viária, em locais como calçadas e canteiros centrais estreitos, pelo menos 70% das mudas plantadas devem ser nativas, com espécies que não ultrapassem cinco metros de altura. Já na arborização de praças, parques, áreas verdes e canteiros centrais largos (de até três metros), 80% das mudas devem ser nativas.

Ednilson_Aguiar/Olivre

Horto Florestal

O plantio em canteiros centrais estreitos, como é o caso da avenida Fernando Corrêa, precisa ter pelo menos 70% de mudas nativas

O secretário municipal de Serviços Urbanos, José Roberto Stopa, informou que a prefeitura plantará cerca de 350 palmeiras no canteiro central da avenida Fernando Corrêa. Todas as mudas, segundo ele, serão doadas e o único gasto será com o plantio de grama. Além disso, Stopa anunciou que, nas laterais da avenida, cerca de 250 ipês serão plantados. Esse número representa apenas 45% do total de mudas, o que contraria o decreto 5.144. Contudo, segundo Stopa, é impossível seguir o decreto à risca.

“Se for analisar assim, a gente nunca vai poder plantar palmeira em uma rotatória, por exemplo”, comentou ele. Stopa admitiu que a escolha da espécie foi também uma decisão estética, para “embelezar” a cidade. “As pessoas falam que palmeira não dá sombra, claro que não dá sombra, mas ali não passa ninguém, não tem como as pessoas passarem no meio da avenida”, disse ele, em referências às críticas que a Prefeitura sofreu durante a semana. 

Além da questão estética, a escolha da palmeira se deu por conta da facilidade em retirar e reaproveitar as árvores caso as obras do VLT sejam retomadas. Não há clareza sobre onde estão as mudas, mas, segundo o próprio Stopa, elas foram doadas pelo setor privado e serão retiradas nos próximos dias.

“A retirada das mudas é algo delicado, é preciso cavar ao redor da raiz e isso pode demorar até uma semana”, comentou. Apesar disso, o secretário espera que em 20 dias as árvores sejam retiradas e replantadas. 

O plantio de mudas anunciado por Emanuel Pinheiro foi bastante contestado nas redes sociais. A maioria das pessoas reclama que as palmeiras não mudam em nada o calor da cidade, já que oferecem menos sombra se comparadas às espécies do Cerrado ou da Amazônia mato-grossense.

Segundo a urbanista Shirley Gushiken, especialista em paisagismo, plantar qualquer espécie nos canteiros centrais agora seria arriscado demais. Como se trata de um problema eminentemente estético, o ideal seria retirar o “gelo baiano” e plantar grama, para evitar que durante a chuva a lama do canteiro escorra e provoque acidentes. A grama seria muito mais barata, mais fácil de plantar e de retirar, acredita ela. 

“Por que não plantar estas mudas, de palmeira ou não, nas praças, nas áreas verdes, que também precisam de arborização? Se tem que ser retirado depois, então por que plantar?”, questiona ela. 

Shirley ainda lembrou que a Prefeitura não precisa receber doação nem comprar nenhuma muda, uma vez que o Horto Florestal é um equipamento que, teoricamente, tem esta função: a de produzir mudas para a arborização da cidade.

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