O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), afirmou que até o fim dessa semana deve receber e apresentar um plano para reabertura da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, que está fechada desde o dia 11 de março, devido a grave crise financeira.
O estudo é elaborado pela equipe do secretário Gilberto Figueiredo, da Secretaria de Estado de Saúde, e analisa a viabilidade da intervenção do governo junto a instituição filantrópica, segundo o governador.
“Recebi informações da Secretaria de Saúde sobre o plano que eu pedi, para a reabertura da Santa Casa e nós estamos aprofundando. Depois da primeira apresentação que nos foi feita, eu disse – e certamente será feito ao longo dessa semana – que nós teremos uma apresentação de uma alternativa para reabrir os trabalhos da Santa Casa”, comunicou Mendes, em coletiva de imprensa.
O estudo atendeu, além de uma determinação do governador, um pedido do ministro Luiz Henrique Mandetta, que, em visita a Cuiabá, cobrou medidas para a retomada dos atendimentos, uma vez que a unidade está fechada há 45 dias e os pacientes tiveram que ser remanejados.
Vai e vem
No fechamento da unidade, nem o governo e nem a Prefeitura de Cuiabá agiram para garantir a retomada dos atendimentos. De um lado, o Executivo municipal afirmava não ter condições de arcar com a intervenção “sozinho”; do outro, Governo do Estado alegava ser dever do município dar assistência.
Sem as ações, o deputado estadual Lúdio Cabral (PT) chegou a pedir que a Justiça obrigasse a Prefeitura a intervir pela unidade médica. O pedido foi negado no fim de abril, mas, na semana passada, ele recorreu junto ao Tribunal de Justiça e aguarda análise da ação.
A Assembleia Legislativa também passou a discutir a necessidade da intervenção e, após tomar posse como presidente interina, a deputada estadual Janaina Riva (MDB) também garantiu que vai trabalhar pela reabertura da Santa Casa.
Presidente da Câmara dos Vereadores da Capital, Misael Galvão (PSB) também chegou manifestar que poderia entrar na Justiça caso a prefeitura não se mobilizasse. No parlamento municipal, os vereadores chegaram a aprovar a intervenção – que até agora não foi cumprida.
No fim de abril, então, e após visita do ministro da Saúde, o governo do Estado assumiu a responsabilidade.
Conforme Mendes informou em coletiva anterior, ele ainda não sabe afirmar se o Executivo Estadual vai arcar com todos os custos da intervenção, e aguarda o resultado do plano de viabilidade. O governador também articula com a União para uma ajuda financeira.
Portas fechadas
Desde julho de 2018, o LIVRE tem noticiado de perto sobre a crescente crise financeira que assombrava a Santa Casa de Cuiabá. Desde a época, médicos e enfermeiros acumulavam quatro, cinco meses sem salários, e diversas greves e fechamentos foram anunciadas ao longo do ano.
Conforme noticiamos em reportagens, trabalhadores da unidade chegaram a passar fome, diante da falta de pagamento. Por isso, inclusive, muitos profissionais deixaram o emprego, sem esperanças de uma resolução rápida para o problema.
Em fevereiro, a Controladoria Geral do Estado (CGE) concluiu um relatório de auditoria, iniciado em setembro de 2018, no qual apontou diversas irregularidades na administração do hospital, dentre as quais a prática de nepotismo, supersalários e ingerência financeira.
O documento, que passou a ser preparado depois que a Santa Casa recebeu um “socorro financeiro” do Governo e da Prefeitura de Cuiabá, no total de R$ 6 milhões, foi entregue ao Ministério Público do Estado (MPE) e à Delegacia Fazendária (Defaz). Depois do caso, o próprio MPE passou a investigar o caos instalado na unidade.
