O piloto Maicon Semencio Esteves, 27 anos, resgatado com vida quatro dias após a queda do avião agrícola que ele pilotava, em Peixoto de Azevedo (675 km de Cuiabá), foi transferido do Hospital Regional de Peixoto de Azevedo, onde estava internado, para o Hospital e Maternidade 13 de Maio, em Sorriso (418 km de Cuiabá), na noite dessa quinta-feira (08).
Segundo o boletim médico divulgado pelo hospital na manhã desta sexta-feira (09), Maicon está em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), porém, “acordado, lúcido, alimentando-se por via oral, respirando espontaneamente com ajuda de oxigênio. Hemodinamicamente estável. Está com insuficiência renal em melhora, sem indicação para terapia dialítica de momento. Com aproximadamente 25% da superfície corpórea queimada (membros superiores, face e abdome), com zonas de 2º e 3º grau”.
Apesar de há menos de 24 horas no Hospital 13 de Maio, o médico Júnior Pasin, que faz parte da equipe multidisciplinar que está cuidando do piloto, disse que o quadro do paciente já apresenta melhoras.
“Como todo caso de queimado, nossa grande preocupação nesse momento é a infecção. Ele esteve muito tempo, durante três dias, no meio do mato. Então ele sofreu múltiplas lesões, contaminadas por insetos. Ele estava em água contaminada também, então a pele estava muito exposta. A função renal a gente já viu que está melhorando. Nível de hidratação já conseguimos chegar ao que é adequado. Então a nossa preocupação é a infecção, mas só saberemos ao decorrer do tempo”, afirmou o médico.
Segundo Pasin, o piloto está bastante lúcido e consegue contar em detalhes como foram seus dias na floresta. “Desde como ele caiu, o que aconteceu, como saiu do avião”.
A noiva dele, Rebeca Razzaboni Freitas, que está grávida da primeira filha do casal, disse ao site Só Notícias que a transferência foi realizada porque o hospital de Sorriso, que é particular, tem mais recursos.
“Ele está em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas apenas por segurança, porque teve queimadura e requer mais cuidados. Pelo quadro e os dias que ficou no mato, é necessário esse tratamento. Ele está na UTI só para recuperação. Está sendo feito uma bateria de exames, mas no geral está estável e respondendo bem”, disse a noiva ao Só Notícias.
O acidente de Maicon foi divulgado no domingo (04), mas aconteceu no sábado (03), em uma região de mata de uma fazenda em Peixoto de Azevedo. A queda foi testemunhada por um agricultor que estava a mais ou menos 500 metros do local da queda, arando a terra. Ele viu o momento em que avião desceu rapidamente e não voltou a subir. O piloto vinha com o avião baixo e, no rasante, possivelmente por pane seca, caiu.
Segundo o Corpo de Bombeiros, com a queda, houve um incêndio na aeronave e o piloto precisou sair às pressas, momento em que queimou braços, mãos e face.
Usando o celular, ele viu a estrada que estava perto. A bússola indicava um caminho reto pela floresta, porém, quando tentou caminhar pela floresta, Maicon encontrou dificuldade, porque é impossível fazer o deslocamento em linha reta, já que é preciso fazer curvas, contornar árvores e cipós. Com as voltas, ele se perdeu, não encontrou a estrada e andou muito mais do que esperava.
Depois de bastante tempo caminhando, já com os pés machucados, o piloto parou em um riacho e ficou bebendo água durante os quatro dias em que esteve desaparecido, porém, ficou bastante debilitado por causa das queimaduras e pelos arranhões causados por espinhos na mata. Segundo os bombeiros, já nos últimos momentos, ele se sentia muito cansado, já não conseguia caminhar e, por isso, ficou levemente desidratado.
Ele foi encontrado na quarta-feira (07), na beira de um córrego, dentro de uma fazenda, a cerca de 2.200 metros do local em que a aeronave estava. Maicon estava cansado e sem condições de caminhar. O jovem tinha feridas abertas e insetos causando mais ferimentos na pele. Durante todos esses dias, segundo o militar, Maicon comeu somente as bolachas que tinha consigo.
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