O delegado da Polícia Federal Mário Velloso disse, nesta sexta-feira (9), que o ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e deputado eleito Neri Geller (PP) está entre os servidores do ministério que supostamente recebiam parte de um “mensalinho” no valor de R$ 250 mil.
A propina, de acordo com investigações da PF, era para que uma emenda fosse aprovada. Ela previa que as inspeções de frigoríficos deixassem de ser realizadas por Estados e Municípios e passassem a ser atribuição do Ministério da Agricultura.
O pagamento do “mensalinho” seria para que agentes políticos e servidores do Mapa pressionassem a aprovação da emenda. À época, Geller era o ministro da Agricultura.
A Operação Capitu, desdobramento da Operação Lava-Jato, deflagrada nesta sexta-feira (9), prendeu até este momento 16 pessoas: uma em Rondonópolis (MT), cinco em São Paulo (SP), uma no Paraná (PR), duas em Brasília (DF), seis em Belo Horizonte (MG), uma em Uberaba (MT) e outros três estão foragidas.
O deputado eleito e ex-ministro está preso em Rondonópolis (210 km de Cuiabá) e presta depoimento. A Polícia Federal ainda cumpriu dois mandados de busca e apreensão em Mato Grosso: um na casa de Geller e outro um posto de combustíveis, ambos localizados no município de Lucas do Rio Verde.
“A gente tem elementos fortes de que os integrantes da organização criminosa estavam atrapalhando a coleta de provas pela Polícia Federal, por isso foram decretadas as 19 prisões”, detalhou o delegado Mário Velloso.
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O suposto esquema criminoso de corrupção passiva, ativa e lavagem de dinheiro foi realizado em 2014 e 2015. No início de 2015 começou a haver obstruções de Justiça por parte de colaboradores de uma empresa de processamento e distribuição de proteína animal, que seria a JBS, pois foram presos o sócio da J&F e dono da JBS, Joesley Batista, o executivo da J&F Ricardo Saud e ex-executivo da J&F Demilton de Castro.
O delegado da PF disse que intimou seis advogados para levantar informações, mas eles não revelaram tudo o que era preciso e “esconderam” informações. Após a colaboração e não repassar todas as informações, os colaboradores passaram a ser tratados como investigados comuns. Velloso, porém, disse que não revelaria nomes de empresas e de envolvidos.
Ainda conforme informações repassadas pelo delegado, em coletiva à imprensa, duas redes de supermercados fizeram lavagem de dinheiro, de cerca de R$ 15 milhões. Velloso também disse que as redes distribuíram aproximadamente R$ 9 milhões para políticos de Minas Gerais (MG), doados oficialmente para candidatos políticos para o pleito de 2014.
O superintendente da Receita Federal Mário Dehon afirmou que havia detectado as fraudes das redes de supermercados que não faziam o efetivo pagamento à indústria frigorífica, porque o dinheiro ia para políticos.
Dehon disse ainda que o esquema de lavagem de dinheiro era fácil de ser feito porque os supermercadistas trabalham com dinheiro em espécie.
O delegado da Polícia Federal ressaltou que os supostos crimes eleitorais estão prestes a serem comprovado. Ele, contudo, não entrou em detalhe, já que isso não é de competência da PF.
A coletiva à imprensa foi realizada na sede da Polícia Federal de Belo Horizonte (MG) e transmitida por parte da imprensa local.