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Pesquisadores da UFMT estudam se veneno da jararaca gera imunidade ao coronavírus

Estudo é feito com base no caso de uma mulher em Mato Grosso que foi a única de sua família a não contrair a covid-19 após ser picada

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Pesquisadores da UFMT estudam se veneno da jararaca gera imunidade ao coronavírus
(Foto: Reprodução/Uol)

Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) avaliam se o soro antiofídico pode gerar imunidade ou ser terapêutico à infecção pelo novo coronavírus 

As hipóteses são que um componente do veneno da cobra pode provocar reação cruzada com o Sars-Cov 2 ou aumentar a imunidade do organismo humano, por mudança de receptores celulares.  

A observação surgiu a partir do caso de uma pessoa que foi picada por uma cobra da espécie Bothrops jararaca. O acidente ocorreu em Mato Grosso, em setembro do ano passado e constatou-se que a pessoa não contraiu o vírus num ambiente familiar em que todos os membros testaram positivo para covid-19.  

“É uma observação inicial que estamos fazendo para saber se o soro antiofídico provoca essa reação. Temos relatos de pessoas que ficaram imune, por exemplo, à malária após ofensa por cobra e soroterapia antiveneno”, explica o doutor Alexandre Machado, membro do Departamento de Ciências Básicas em Saúde da Faculdade de Medicina da UFMT.    

De acordo com Machado, a paciente picada pela jararaca recebeu várias bolsas de soro antiofídico durante o tratamento no fim do ano passado. Em julho deste ano, ela manteve contato com seus familiares, todos com diagnóstico positivo para a covid-19, confirmados nos testes de RT-PCR e sorológicos. Ela, entretanto, teve resultado negativo.

Embora isso possa ocorrer em casas sem relação com o soro antiofídico, a avaliação está sendo feita por causa dos componentes químicos no veneno da bothrops jararaca.  

Veneno curativo!?

Conforme o doutor Alexandre Machado, os peptídeos do veneno da jararaca atuam nas mesmas enzimas que o novo coronavírus usa para entrar na célula do organismo humano. A reação cruzada por anticorpos inespecíficos seria a hipótese mais provável.

Porém, os pesquisadores se questionam, no caso de imunidade, como o veneno pode ter efeito seis meses após a entrada no organismo.

O professor afirma que o veneno das serpentes é constituído por uma mistura complexa de proteínas e peptídeos biologicamente ativos que acarretam o quadro clínico da intoxicação.   

Entre eles estão os peptídeos potenciadores da bradicinina, presentes principalmente no veneno da Bothrops jararaca. Tais substâncias são consideradas como os primeiros inibidores naturais da enzima conversora de angiotensina, um dos alvos usado pelo Sars-Cov 2 para adentrar as células.  

O estudo da ação desses inibidores deu origem a descoberta do captopril, atualmente comercializado para tratar a hipertensão arterial e em alguns casos de insuficiência cardíaca.  

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