Mato Grosso chegou, nessa quinta-feira (30), a mais de 30 mil pessoas curadas da covid-19, número que representa 60% do total dos casos oficiais. É uma das maiores parciais entre doentes em monitoramento e pessoas consideradas livres da infecção, desde o início da pandemia.
E se for considerado o contingente de casos que não entram nos boletins oficiais dos órgãos de controle, esse grupo salta para 300 mil, o que englobaria metade da população de Cuiabá ou o total de ao menos outros 10 municípios.
Para pesquisadores que acompanham a pandemia e estudam o Sars-Cov 2 (novo coronavírus) essa parcela de curados deve ser estudada. É por meio deles que saberemos como qual o comportamento do organismo pós-infecção, pois não há certezas ainda de por quanto tempo o anticorpo pode proteger contra um novo contágio.
O cientista Edécio Cunha Neto, membro do grupo de pesquisa do Instituto do Coração da Universidade de São Paulo (USP), afirma que o tempo de imunidade dos curados pode ser menor do que a resistência criada por outros tipos do coronavírus e variar conforme a severidade dos sintomas da covid-19.
“Experimentos em pacientes de outros tipos do coronavírus – há vários deles que causam resfriados – mostram que, um ano depois da primeira infecção, a pessoa que foi exposta ao contágio contraiu o vírus novamente, ou seja, a imunidade não durou um ano. Isso não significa que podemos precipitar esse resultado para o Sars-Cov 2, mas pode indicar que a imunidade seja transitória”, afirma.
Pesquisas indicam que a carga de anticorpos de pessoas que passaram pelo contágio começa cair após três meses.
Ação do vírus e reação do organismo
O biólogo Marcos Silveira Buckeridge, pesquisador do Departamento de Botânica da USP, explica que a entrada do Sars-Cov 2 nas células do organismo humano está relacionada ao reconhecimento entre elementos existentes no vírus e nas células e eles podem variar conforme a harmonia.
“É uma especie de chave e fechadura. O vírus, naqueles espinhos que ele tem, possui uma proteína que, quando na porta da célula, na membrana, vai reconhecer a fechadura e o vírus vai entrar mais facilmente ou menos facilmente”, explica.
A hipótese levantada até o momento que é esse “mecanismo” esteja relacionado a componentes genéticos, que variam no organismo humano de acordo com a etnia. A pesquisa Buckeridge, em 56 países, indica que, por exemplo, que os asiáticos têm menos propensão ao contágio do que os caucasianos.
A proteção contra uma nova infecção é formada a partir da reação do organismo a primeira instalação do vírus. O corpo humano criaria células neutralizantes para combater uma nova instalação do Sars-Cov 2.
Segundo o pesquisador, o trabalho de entrada do vírus, instalação e reação do organismo está relacionada, do ponto de vista biológico, a classificação de pacientes assintomáticos, com sintomas leves, sintomas pesados e aqueles em que o impacto é tão grande que “apaga” o organismo, levando à morte.
(Com informações da Agência Bori)