Comportamento

Pesquisa mostra que a saúde mental ficou debilitada com a pandemia

Situação de insegurança gerou os sonho com fortes emoções relacionadas principalmente a raiva, tristeza e medo

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Pesquisa mostra que a saúde mental ficou debilitada com a pandemia
(Foto: Freepik)

Lembra dos memes que infestaram as redes sociais há alguns meses, com pedido de cancelamento do ano 2020? A intenção e o resultado deles eram aliviar as tensões de viver em uma situação de restrição e insegurança causada pela pandemia. 

Agora, uma pesquisa realizada pelo Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) mostra que nossa saúde mental foi mesmo debilitada pela situação e os efeitos apareceram mais nos sonhos. 

O estudo aponta que os sonhos dos dias de pandemia e isolamento social são diferentes dos relatados antes dela. Eles têm maior proporção de palavras ligadas à “raiva” e à “tristeza” e maior semelhança a termos como “contaminação” e “limpeza”.  

Segundo a pesquisa, essas características parecem estar associadas ao sofrimento mental ligado a isolamento social. Elas representam 40% da variância na subescala negativa, relacionado à socialização, usada para medir a gravidade dos sintomas de pacientes com esquizofrenia. 

“Dessa maneira, percebemos os sonhos como importante espelho desse mundo interno, demonstrando serem importante fonte de autoconhecimento” disse a psiquiatra Natalia Mota, supervisora do estudo do Instituto do Cérebro. 

Ao todo, 67 pessoas participaram das duas fases do estudo – antes e durante a pandemia de covid-19 – e os resultados foram analisados por um conjunto de 13 pesquisadores com auxílio de inteligência artificial.  

A pesquisa mostra que as mudanças nos sonhos estavam associadas ao grau de sofrimento mental experimentado pelos voluntários, principalmente com maior dificuldade em manter relações sociais satisfatórias com as medidas de isolamento social.  

Conforme a supervisora, os principais resultados foram encontrados no grupo de indivíduos que não relataram sofrimento mental antes da pandemia. A indicação é que o acompanhamento atento dos próprios sonhos, principalmente em momentos de estresse agudo, pode ser uma boa fonte de alerta de sofrimento mental, pois ajuda a advertir sobre riscos.  

“Ao final também podemos perceber que os voluntários autoavaliaram o processo de observar e compartilhar os sonhos como benéfico, trazendo mais sentimentos como felicidade, altruísmo e criatividade para o seu cotidiano”, completa. 

De acordo com Natalia Mota, recentes teorias das neurociências atribuem ao sonhar uma função de regulação de emoções. Seria um mecanismo análogo à digestão, nesse caso, de memórias.  

Esse processo extrai das lembranças do cotidiano o aprendizado para ser retido, mas atenua as emoções, principalmente as muito negativas, nos permitindo lembrar do evento sem sofrer, como se estivesse acontecendo naquele momento, o que ajuda a superar traumas. 

(Com Agência Bori)

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