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Pesquisa da UFMT comprova ganho de produção com uso de calcário

De acordo com o estudo, com o solo corrigido, é possível colher até 11 sacas a mais por hectare

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Pesquisa da UFMT comprova ganho de produção com uso de calcário

O uso de calcário para correção do solo nas lavouras, com incorporação em profundidade e ainda aproveitando a umidade da terra e o fim das chuvas, projeta efeitos positivos já na primeira safra de soja em áreas de abertura. É o que revela pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de Mato Grosso em Marcelândia, Norte de Mato Grosso. Solo corrigido, efeito na colheita: até 11 sacas a mais por hectare.

Essa é a diferença pra lá de positiva entabulada por pesquisadores na primeira etapa do experimento. A área estudada, após a incorporação de calcário em profundidade, registrou um salto de 57 sacas de soja por hectare, produtividade obtida com o manejo tradicional, para 67 a 68 sacas por hectare com doses suplementares de calcário incorporadas profundamente. Como um suplemento vitamínico no comparativo à saúde humana, a dose certa de calcário permite que plantas tenham ampliada a capacidade de absorver nutrientes presentes no solo, essenciais ao vigor e produção.

A boa novidade reafirma outras pesquisas consolidadas na literatura agronômica e desponta no momento em que o agronegócio, setor essencial, se mantém na ativa, desafiando os efeitos da pandemia. O compromisso em levar alimento a milhões de pessoas é, assim, reafirmado por agricultores e pecuaristas no Brasil e no mundo. O mesmo vale para os experimentos e pesquisas feitos para o desenvolvimento e melhoramento das práticas de cultivo e plantio, que não param.

“A ciência ajuda a impulsionar o mundo e a humanidade. Damos nossa cota de contribuição, inclusive neste momento tão sensível a todos”, destaca o Professor Doutor Anderson Lange, responsável técnico pelo experimento em Marcelândia. Paranaense radicado em Sinop, ele tem amplo trabalho desenvolvido e publicado sobre as adequadas doses de calcário customizadas aos solos ácidos mato-grossense.

Pesquisas desenvolvidas na região Sul do Brasil mostram que a aplicação de calcário na superfície tem efeitos também na camada de solo logo abaixo, a chamada subsuperfície do solo, porém, em baixa magnitude, conforme explica o professor.

“Para os produtores que optam pelo sistema de plantio direto, a melhor oportunidade de correção de solo é o momento de implantação. Normalmente, o produtor que abre a área, cultiva no primeiro ano arroz e, posteriormente, corrige o solo para a soja. Assim fazendo, colhe-se o arroz em março/abril, deixa-se o solo em repouso para somente em agosto aplicar o calcário, em dose inadequada e com leve incorporação no solo”, alerta o pesquisador. Esta incorporação na época da seca é pouco efetiva e funcional.

Com base nessa constatação, comum no campo, iniciou-se o experimento em Marcelândia com o olhar científico meticuloso. A área fica a 712 quilômetros de Cuiabá, capital do Estado, é uma das mais novas fronteiras agrícolas de Mato Grosso. Na área selecionada a serviço da pesquisa científica, após a primeira colheita, foram aplicadas de 3 a 12 toneladas de calcário por hectare e o insumo foi incorporado profundamente ao solo argiloso, procedimento feito em abril de 2019, com o uso de máquinas e implementos agrícolas.

Perfil de solo

Conforme explica Lange, o método busca formar o chamado perfil de solo e aproveitar a umidade da terra e as chuvas do mês (que no presente estudo foram de 50 mm na área experimental após a calagem).

Nessas condições de aplicação, o efeito é mais rápido devido à incorporação de calcário ao solo, o que não aconteceria na aplicação superficial. Tem-se então a elevação do V% (saturação de bases do solo), que passou de insatisfatórios 24% para a calagem tradicional para até 60%, caminhando lado a lado com a produtividade, percentuais comprovados nas análises de solo empreendidas na pesquisa.

Com o experimento ainda na primeira safra de avaliação, as expectativas em relação aos próximos resultados são as melhores. A pesquisa desenvolvida pelo engenheiro agrônomo Anderson Lange, aos moldes de experimento pioneiro desenvolvido em Sinop, se estenderá pelos próximos dois ou três anos. “É a ciência a favor do melhor cultivo, aliando ganho, eficiência e cuidado com o solo”, destaca o pesquisador.

Safra recorde

Segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a safra de soja 2019-2020 já confirma crescimento recorde, com 2,7% de aumento se comparada à temporada de cultivo anterior. Além do volume de chuva e o aumento da área plantada, outro fator a influenciar o rendimento da cultura é o cuidado com o solo, decisivo a ganhos em produtividade.

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