Você está em casa cumprindo a quarentena e, ao rolar a timeline da sua rede social, se depara com festas e aglomerações. A indignação toma conta. Com esse sentimento, um perfil no Instagram passou a dedurar as pessoas que estão furando o isolamento social para se divertir.
A conta está no ar desde o dia 18 de abril e já são quase 5 mil seguidores. Quem faz as publicações na páginas conversou com a reportagem sem se identificar.
É também no anonimato que o trabalho é feito: desde o recebimento da “denúncia” à publicação.
As postagens têm tom irônico. A ideia é tirar o clima pesado da denúncia que reflete um tema sério. “É covid-19, não convide 19 pessoas para a sua casa”, brinca um dos posts.
Em outro post, o alerta é sobre festas de aniversário: “Afinal, quem não gosta de comemorar seu aniversário? Para que essa data se repita infinitas vezes, vamos ter consciência e respeitar as recomendações”, orienta.
As “denúncias”
O curioso é que as denúncias sobre as reuniões e aglomerações são feitas por pessoas próximas ou conhecidas dos “furões”. As mensagens recebidas, segundo o perfil mostram sempre indignação.
“Sem noção e sem respeito ao próximo, porque a maioria mora com mãe, pai, avó, se contaminam e aí vai contaminar os familiares”, diz uma delas denúncias presente em um dos posts.
A página tem um objetivo: incentivar o cumprimento da quarentena e do isolamento social.
“Estava acompanhando a quantidade de pessoas que estavam saindo durante esse período nas redes sociais e achei que seria uma forma de chamar atenção, já que com muitos não estava adiantando”, diz.
A pessoa por trás da conta deixa uma mensagem: “Tenham responsabilidade não só com vocês, mas também com seu próximo. Toda a população pode acabar pagando o preço por uma simples irresponsabilidade”, finaliza.
Todo tipo de ameaça
Algumas ameaças já foram dirigidas à página. Entre elas, agressões, processo e exposição.
“Somos um perfil colaborativo, não ganhamos nada com isso. Não estamos aqui para prejudicar ninguém e sim tentando fazer um ato concreto pela humanidade. Apontar o dedo é fácil, ameaçar é covarde” diz.
Mesmo assim, a ideia – por enquanto – não é parar.
“Não pretendo parar. Por mais que não sejam todos, uma parte da galera reflete e se conscientiza e isso tem nos incentivado a continuar”, explica.