Ednilson Aguiar/O Livre

Coletiva do governador Pedro Taques

O governador Pedro Taques em entrevista coletiva na sexta, quando acusou Mauro Zaque de fraude

A denúncia de grampos ilegais praticados no governo estadual levou o governador Pedro Taques (PSDB) a expor desentendimentos que teve com o ex-secretário de Segurança Pública (Sesp) e promotor de Justiça Mauro Zaque. Segundo Taques, o ex-secretário pediu que ele exonerasse o então comandante-geral da Polícia Militar, Zaqueu Barbosa, e nomeasse José Antonio Borges como procurador-geral de Justiça. O governador classificou os episódios como chantagem, mas não esclareceu quais teriam sido as ameaças recebidas.

A amizade entre os dois tem mais de 20 anos, desde os tempos em que Taques era membro do Ministério Público Federal (MPF) e Zaque, do Ministério Público Estadual (MPE). Quando assumiu o governo, em janeiro de 2015, o governador nomeou o amigo como secretário. Doze meses depois, Zaque deixava o staff. Esta semana, veio à tona que o ex-secretário denunciou o governador por promover grampos a autoridades, políticos e jornalistas.

Taques conta que avisou o promotor sobre as investidas. “Mauro, você é meu irmão, é meu amigo, mas não pode chantagear o governador. Eu é que fui eleito”, relatou, durante coletiva nesta sexta-feira, 12.

A primeira divergência teria ocorrido no final de 2015, primeiro ano de mandato, quando Mauro Zaque ainda era secretário e pediu que Zaqueu fosse exonerado do comando-geral da PM. Depois da recusa de Taques, o secretário pediu exoneração dias depois.

“Conheço o coronel Zaqueu há 20 anos. Ele foi do Bope, do Gefron e do Gaeco na mesma época que Mauro Zaque, que nos apresentou. Em determinado momento, houve uma rusga entre os dois. No dia 5 de dezembro de 2015, ele disse que eu tinha que mandar Zaqueu embora até a sexta-feira porque ele estava fazendo coisa errada. Eu disse para ele pôr no papel quais eram essas coisas erradas”, relatou o governador.

Depois da saída de Zaque, o também promotor de Justiça Fábio Galindo assumiu o comando da Sesp. Taques contou que o novo secretário pediu a substituição do comando-geral da PM para ajustar a sua gestão e que ele aceitou, considerando natural as alterações promovidas por um novo secretário. “Ele me apresentou dois coronéis, e eu escolhi Gley Alves. Depois que Rogers Jarbas assumiu a secretaria, ele pediu para trocar novamente o comando da PM. Isso é normal. Ninguém é insubstituível”, contou.

De acordo com Taques, uma nova tentativa de chantagem foi feita quando houve a troca de comando no Ministério Público Estadual (MPE), entre dezembro de 2016 e janeiro deste ano. Ele disse que Zaque lhe telefonou pedindo para nomear o segundo da lista tríplice, José Antonio Borges, pois haveria um acordo entre o grupo de Borges e o de Zaque, que lançou Ana Luiza Peterlini como candidata – quarta colocada na eleição, ela ficou de fora da lista tríplice. O governador recusou o pedido e, em janeiro deste ano, nomeou como procurador-geral Mauro Curvo, o mais votado.

“Se ele ficou chateado ou magoado não posso dizer. Mas uma coisa é certa: o governador não pode aceitar chantagem de quem quer que seja. Quem nomeia sou eu, quem exonera sou eu”, afirmou. Questionado se a denúncia de grampos seria uma vingança de Zaque, Taques desconversou. “Não me cabe analisar se é vingança ou ele está chateado. Isso cabe a psicólogos, psiquiatras. Eu sou governador”, disse.

Apesar de expor a crise vivida na Sesp, Taques negou que haja cisões dentro do seu governo. “Não existem grupos se digladiando dentro do governo. Mas claro que cada secretário tem sua posição”, observou.

Ednilson Aguiar/O Livre

Coletiva do governador Pedro Taques

Pedro Taques reuniu a maior parte do alto escalão do governo em coletiva de imprensa

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