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Patrimônio Histórico: Cuiabá é mais conhecida pelos turistas do que por quem mora aqui

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Patrimônio Histórico: Cuiabá é mais conhecida pelos turistas do que por quem mora aqui
Foto: SHRBS

Há cinco décadas, Helena Rosa de Lima, 67 anos, pisava pela primeira vez em Cuiabá. Veio de Barão de Melgaço (110 km de Cuiabá), com a família, lugar onde nasceu.

Nesse tempo todo, nunca tinha colocado os pés nos fragmentos de balas de canhão que compõe o piso do Sesc Arsenal, um dos principais pontos turísticos da Capital mato-grossense e que tem esse nome porque, um dia, já foi um verdadeiro arsenal de armas de guerra.

Um pedacinho do Patrimônio Histórico de Cuiabá que a camareira de hotel só conheceu graças ao projeto City Tour, desenvolvido pelo Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Mato Grosso. O objetivo é fazer quem trabalha com o turismo conhecer a cidade para melhor apresentá-la aos visitantes.

“Achei aquilo maravilhoso. Dá mais orgulho de viver aqui”, ela conta, afirmando que, desde o passeio, olha para a cidade com outros olhos.

O motivo de nunca ter ido ao Sesc Arsenal, nem dona Helena – como é chamada – sabe explicar ao certo. E ela não é a única. Daniela Bandeirantes, 43 anos, também cuiabana, nunca tinha entrado na Igreja Nossa Senhora do Bom Despacho.

Localizada no topo do Morro do Seminário, a imponente construção, tem arquitetura que lembra a Catedral de Notre Dame, em Paris, e sempre pareceu um local longe de ser alcançado pela auxiliar administrativo da rede hoteleira de Cuiabá.

“Sempre achei que esses lugares só poderiam ser visitados com pré-agendamento. É ótimo saber que a cidade tem pontos tão interessantes e que estão aí para se mostrar”.

Uma história desconhecida

Guia turístico especializado em passeios urbanos, Edivaldo Oliveira Alves, o professor Edinho, é categórico ao afirmar: o cuiabano não conhece a própria “casa”.

“O pessoal que vem de fora conhece e a gente não. Eles já têm uma noção da cidade quando vêm para cá. Se você fala besteira, eles te corrigem”, ele diz, destacando que isso faz da profissão que escolheu uma das mais “perigosas” de Cuiabá.

O descaso do poder público com o Patrimônio Histórico, segundo o guia, também não ajuda. Edinho precisa de jogo de cintura e muita criatividade para desviar a atenção dos turistas dos casarões abandonados – alguns já desmoronando –, quando passa pelo Centro Histórico.

“Essa história de colocar a culpa no morador ou no empresário não é certa. O poder público também peca. E eu, como profissional, não posso passar uma imagem ruim da cidade”.

O cuiabano é um ponto turístico

Edinho nem teria motivos para isso. Presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Mato Grosso, Luís Carlos Nigro lamenta a não concretização dos vários projetos de revitalização do Centro Histórico que nunca saíram do papel, mas sustenta que a região ainda tem muito a oferecer.

Luis Carlos Nigro é presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Mato Grosso (Ednilson Aguiar) 

“As raízes do nascimento da cidade ficam ali. Todos que visitam sentem a necessidade de conhecer a história de uma região. O turista quando vem aqui, se encantar com os casarões, com nossas igrejas históricas, nossos museus”.

Também com a nossa gente. De acordo com o professor Edinho, o cuiabano, por si só, é um ponto turístico da cidade.

Explicando que muitas famílias ainda moram nos casarões históricos da Capital, Edinho conta que é raro alguém não abrir as portas do próprio lar quando ele chega com um grupo de turistas.

“Eles mostram a casa, recebem as pessoas, revelam particularidades e conta a história da família, que também acaba sendo a história da cidade. Os turistas ficam encantados com a nossa gente”, ele sustenta.

(Da Assessoria)

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