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Passe, integração e frescão: (re)conheça ícones do transporte coletivo de Cuiabá

Exatamente nessa época do ano, muitos que vão ler essa matéria estariam na fila da MTU

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Passe, integração e frescão: (re)conheça ícones do transporte coletivo de Cuiabá
(Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Quem tem mais de 30 anos, sempre morou em Cuiabá e Várzea Grande e depende do  transporte coletivo pode ser considerado um sobrevivente.

Estudantes que, hoje, andam com o cartão integração na mão e usam os validadores fixados nas escolas para circular de graça, nem de longe, sabem o que é enfrentar a fome e a sede nas filas da Associação Mato-grossense dos Transportadores Urbanos (MTU) a espera da impressão dos passes livres.

Muito menos, o que representava superar amigos e inimigos para entrar no ônibus que parava na Estação Integração da Praça Bispo Dom José.

Por este motivo, o LIVRE selecionou alguns ícones do transporte coletivo cuiabano, afinal de contas, relembrar é viver.

Passe comercial e estudante

Bem antes dos cartões, você podia pagar a passagem do ônibus com dinheiro ou passe, seja ele estudante ou comercial.

Para os estudantes, primeiro veio a meia passagem. Só em 2001 teve início a gratuidade. O comercial era entregue pelas empresas aos seus funcionários.

Ambos podiam ser usados apenas no mês vigente e, por este motivo, a MTU imprimia modelos com novas cores a cada 30 dias. Haja arco-íris!

(Foto: Reprodução)

As filas na MTU

Todo começo de ano letivo e virada de mês era a mesma coisa. Aquela romaria de alunos formavam imensas filas indianas.

Era normal não caber todo mundo dentro da MTU. Na rua, ela seguia até ultrapassar onde a vista alcança.

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E era bom ir equipado com sombrinha, lanchinho e água, porque a única certeza era a de que ia demorar.

Todo mundo que viveu essa época deve conhecer alguém que entrou na fila às 8h e só saiu às 17h. Era prova de resistência a fazer inveja a qualquer participante do Big Brother Brasil e sempre dava confusão.

Quando se chegava ao guichê, soava como música o barulho da impressora matricial que colocava seu nome em cada um dos bilhetes. Todos mundo saía de lá com folhas imensas, que depois precisavam ser destacadas.

Filas intermináveis no início do ano letivo. (Foto: internet)

Moeda de troca

Mas o passe era algo valioso no mercado. Na mão dos jovens, podia servir de escambo para cachorro-quente, pirulito, refrigerante e todo tipo de guloseima.

Já os adultos usavam para tomar uma cerveja no final do dia e comprar um cigarro picado na Praça Alencastro.

As pessoas que trocavam, costumavam usar os passes de feriados prolongados e dos finais de semana. Mas, era preciso contar direitinho porque, se vendesse a mais, ia ter que faltar serviço ou a aula.

Situações adversas

Aquele pedacinho de papel precisava ser cuidado com carinho para não haver problemas com o cobrador de ônibus.

Sim, além do motorista, havia o cobrador nos ônibus (Foto: Reprodução)

Quando o bilhete era rasgado na hora de destacar da folha ou se esfarelava devido à chuva ou porque o estudante deixou no bolso enquanto jogava bola, a taquicardia era certa antes de entrar no coletivo.

O resultado, certamente, seria uma humilhação pública executada pelo cobrador, seguida de seu pedido de clemência.

Outra situação periclitante eram as reposições de aula após as greves. Normalmente, elas eram no sábado e nem sempre havia passe suficiente ou com essa data impressa.

Uma selva chamada Integração

Grande parte dos ônibus que circulavam em Cuiabá desembocava na praça Bispo Dom José, que era cercada por alambrados. Ali, as plataformas indicavam qual o destino do ônibus. E quando ele chegava… era hora de lutar!

Nos horários de pico, era uma verdadeira batalha que sempre envolvia empurrões e troca de palavras chulas.

A estação integração do CPA é a única que sobreviveu ao período. E nem chega perto de lembrar a Bispo (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Quem lembra do Frescão?

E para refrescar a memória, o frescão era um ônibus com ar condicionado que tinha o valor um pouco mais caro que os demais. Quando havia festa, algumas empresas davam o “Vale Frescão” para os funcionários não chegarem suados.

Mas a iniciativa não deu muito certo. Devido ao fato de o Frescão não aceitar passe e, mesmo tendo a cor vermelha, em alusão aos ônibus de Londres, as pessoas preferiram ir espremidas e pagar menos.

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