O saudoso jornalista, meu amigo Marcos Coutinho, adorava política. Estava sempre nas rodas e era atuante.
Quando perguntavam o partido ao qual pertencia, ele respondia de bate pronto: Mateus, Lucas e Joaquim. Seus três filhos.
Muitos dos meus amigos estão dizendo que ando batendo duro em alguns companheiros.
Até insinuaram que eu estaria defendendo o governador Pedro Taques, pelo fato de ter criticado os deputados da situação que assinaram a CPI do Fundeb.
Confesso que fui grosseiro e errei na “forma”, como disse um líder que muito admiro.
É que ando sem paciência com essa raia miúda, estou tendo sérios problemas de relacionamento com a mesquinharia. Já abominava a demagogia barata, discursos moralistas e excludentes.
Nos últimos tempos, vem me causando alergia o discurso anti-político, assim como já deu a ditadura do “politicamente correto”.
Fico indignado com a perda de tempo e de energia com discussões que não têm a menor importância para a maioria absoluta dos mato-grossenses. Perde-se tempo discutindo, inclusive, sobre a Venezuela!
Tenho a nítida sensação que não estou sozinho nesta agonia. A rejeição à classe política e à política por grande parte de nossa sociedade mostra isso.
Só há discurso em torno da desconstrução do adversário com a finalidade de ascender ao poder, pura e simplesmente.
Não é um projeto, não é uma ideia, nem mesmo ideais, que movem os grupos políticos partidários a sentarem para debater, mas sim a disputa selvagem pela cadeira do Paiaguás.
O Governo vai de mal a pior e a oposição não se organiza, não tem nenhuma proposta factível, as discussões somente giram em torno de nomes.
Os aliados do Taques estão esperando ele escorregar na casca de banana, e os adversários estão batendo cabeça pela falta de um nome competitivo e pela ausência de projetos sólidos.
Vaidades exacerbadas, fome de poder incontroláveis e ações excludentes têm dominado a pauta.
Paulo Freire tem uma frase que diz muito sobre o momento atual: “Não existe imparcialidade.Todos são orientados por uma base ideológica. A questão é: sua base ideológica é inclusiva ou excludente?”.
Eu penso como Paulo Freire, sem esquerda e sem direita, mas sou pela inclusão, pela união, pela capacidade agregar projetos e ideias que sejam de interesse do estado, liderado por um estadista.
A disputa entre o honesto e o desonesto não resultou em nenhum benefício para a sociedade. A briga do não político contra o político, muito menos.
Não resultou em nenhum benefício para a sociedade e não resultará no futuro se não deixarmos de lado miudezas, raiva, rancores, vaidades, partido A ou partido B e discutir “Mato Grosso”.
Com uma única ideologia: inclusão. Com uma única vaidade: ter o melhor ensino público e o melhor sistema de saúde pública. Com uma única meta: zerar os índices de violência, com um único partido – Mato Grosso.
Alguém se habilita a se filiar nesta ideia, soltando todas as amarras?
É utópico? Talvez não, talvez seja mais fácil do que pensamos.
Teriam nossos atuais líderes a capacidade de iniciar este movimento? Sim, desde que fizessem uma auto-análise e calçassem as sandálias da humildade.
O atual Governo teve sua chance e falhou. Mauro Mendes teve sua chance e falhou.
Quem poderá unir o establishment nesta inédita e épica epopeia?
Rodrigo Rodrigues é jornalista e gestor público