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Participantes contam como foi o Enem digital

Houve elogios, mas também quem achou cansativo

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Participantes contam como foi o Enem digital
Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Participantes do primeiro Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) digital relatam ter sido fácil usar o sistema de prova. s relatos dos candidatos entrevistados pela Agência Brasil, no entanto, variam em relação a outros aspectos do exame. Alguns sentiram que olhar para a tela durante muitas horas foi cansativo. Outros relataram que fazer o exame pelo computador foi mais fácil do que fazer o Enem impresso. A qualidade da máquina também impactou. Quem fez o exame em computador antigo conta que a aplicação foi prejudicada.

Para o estudante Francisco Erick Lima, 18 anos, foi mais fácil fazer o Enem no computador do que na prova impressa. “Não deu nenhum erro no sistema, eu estava com medo de que desse, mas isso não aconteceu. No impresso eu me perco mais na prova. No digital eu consegui me achar, não me perdi em nada”, diz. O estudante, que pretende cursar arquitetura, fez a prova no Rio de Janeiro.

Por conta da pandemia, Lima, que mora com pessoas pertencentes a grupos de risco para a covid-19 cogitou não comparecer ao exame. Mas, acabou indo. Segundo ele, com menos inscritos, o Enem digital tinha também um maior distanciamento e menos pessoas por local de prova. Houve muitas ausências. “Eram esperadas 20 pessoas e foram só 8”, diz.

A estudante Anna Marya Freitas, 18 anos, que também fez a prova do Rio de Janeiro, também gostou da experiência do Enem digital. “Eu achei até gostoso. Não fiquei muito cansada, só levantei uma vez para lavar o rosto. Achei até legal de fazer na medida do possível”, diz. “Eu achei a prova fácil, acho que isso que colaborou para eu achar gostoso de fazer”. A estudante pretende cursar direito ou pedagogia.

Anna, que é de grupo de risco para covid-19, conta que ficou receosa para fazer o exame. “Isso realmente assusta. E o medo de estar com o vírus agora”, diz. Ela relata, no entanto, que não houve aglomeração no local de prova. “No Enem impresso teve aglomeração, mas no digital, não tinha quase ninguém no colégio onde eu estava”.

Veterano no Enem, o estudante Kleverton Launé, 19 anos, que cursa bacharelado em ciência e tecnologia na Universidade Federal do ABC, faz o Enem anualmente para testar os conhecimentos. Este ano, ele decidiu experimentar a versão digital.

Ele elogiou o sistema do Enem digital, mas disse que o computador que usou para fazer o exame, em uma escola em São Bernardo do Campo (SP), era antigo e lento e isso impactou na qualidade da prova. “Acho que tem muita coisa para melhorar. O computador, achei um pouco meio lento, a transição entre as páginas era demorada. Foi cansativo ficar lendo pelo computador. Eu uso óculos, mas acredito que para quem não usa, deve ser difícil”, diz.

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Os candidatos que participam do Enem digital concorrerão às vagas no ensino superior juntamente com os participantes do Enem impresso. Isso é possível porque os exames usam questões diferentes, porém com o mesmo nível de dificuldade, que são corrigidas com base na chamada teoria de resposta ao item (TRI).

Professores que fizeram as provas deste domingo, disseram que o nível de dificuldade foi semelhante ao exame aplicado nos dois últimos finais de semana. “Achei a estrutura da prova bem adequada ao padrão do Enem. Nenhuma grande modificação do ponto de vista de estilo”, avalia o diretor de Ensino e Inovações Educacionais do SAS Plataforma de Educação, Ademar Celedônio, que fez a prova em Fortaleza (CE).

Para os professores, assim como para os estudantes, fazer a prova no computador, no entanto, trouxe alguns desafios, como se adaptar ao sistema e o cansaço de encarar uma tela. “Eu assisti o tutorial para saber como seria a prova, mas na hora, cai na usabilidade. Perdi um tempo, tive que logar novamente. Nada absurdo, até ri na hora. Era para ter apertado um botão e eu apertei x e acabei saindo”, conta Celedônio.

“Depois de duas horas de exame, fechei os olhos e parei um pouco, por cansaço da tela. Você não mexe praticamente a cabeça na prova do primeiro dia. Lê o texto e, no máximo, pega no mouse para fazer a rolagem da tela”, diz.

O professor de história do CEL Intercultural School, Rômulo Braga, que fez a prova em Niterói (RJ) também achou que o uso do computador foi cansativo.“A tela cansou, mas descansei escrevendo a redação, entre uma prova e outra. O sistema é bem intuitivo, mas não totalmente. De qualquer forma, não travou e respondeu bem rápido”, complementa

A redação, nesta edição, foi feita à mão, como no Enem impresso. O tema foi “O desafio de reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil”. “Tema ótimo, abrangente e com um tom crítico. Dava pra desenvolver bem com um pouco de conhecimento em geopolítica. Escrever a redação foi a mesma experiência do impresso, mesmo rascunho, etc, tudo igual. O que me atrapalhou foi o pouco espaço na mesa, já que tinha o computador”, diz Braga.

Enem digital

Esta é a primeira vez que o Enem é aplicado no formato digital, de forma piloto. A intenção é que o exame seja 100% digital até 2026. As provas começaram a ser aplicadas hoje, quando os participantes responderam as questões de linguagens, ciências humanas e fizeram a redação. No próximo domingo, resolverão as questões de matemática e ciências da natureza. Para o Enem digital, estão inscritos 93 mil participantes em 104 cidades.

A versão impressa do Enem 2020 foi aplicada nos dias 17 e 24 de janeiro. Cerca de 2,5 milhões de estudantes fizeram as provas, o que corresponde a menos da metade dos inscritos.

As medidas de segurança adotadas em relação à pandemia do novo coronavírus são as mesmas tanto no Enem impresso quanto no digital. Haverá, por exemplo, um número reduzido de estudantes por sala, para garantir o distanciamento entre os participantes. Durante todo o tempo de realização da prova, os candidatos estarão obrigados a usar máscaras de proteção da forma correta, tapando o nariz e a boca, sob pena de serem eliminados do exame. Além disso, álcool em gel estará disponível em todos os locais de aplicação.

Candidatos com sintomas de covid-19 ou outra doença infectocontagiosa foram orientados a não comparecer ao exame. Eles devem notificar o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) pela Página no Participante, em data ainda a ser definida, e terão direito a fazer o exame na data da reaplicação, nos dias 23 e 24 de fevereiro.

O exame, tanto o impresso quanto o digital, foi suspenso no estado do Amazonas e o impresso foi suspenso em Rolim de Moura (RO) e em Espigão D’Oeste (RO) devido aos impactos da pandemia nessas localidades. Esses estudantes poderão fazer as provas também na reaplicação. Segundo o Ministério da Educação, foram cerca de 20 ações judiciais, em todo o país, contrárias à realização do exame.

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