“Não pode colocar a cabeça no buraco igual avestruz e achar que se é contra o aborto resolveu tudo”. A declaração é da pré-candidata ao Senado pelo PCdoB de Mato Grosso, Maria Lúcia Cavalli, para quem questões polêmicas como aborto e orientação sexual não podem ser resumidas de forma “simplista ou dogmática”, precisam ser pensadas de forma científica.
Ex-reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Maria Lucia ressaltou que, em sua opinião, aborto é uma questão de saúde pública. “Podemos ter uma política muito forte de prevenção, para não ter que desembocar nessa dualidade do a favor ou contra. A princípio ninguém é a favor do aborto, todos somos a favor da vida, mas temos situações de jovens sendo estupradas dentro de casa, de pedofilia. Não podemos camuflar isso”.
Ela ponderou ainda que, não é pelo fato de ser pré-candidata, que não tratará a questão da forma que acredita ser necessária. “A pessoa não pode ser leviana, falar o que agrada a maioria, isso é hipocrisia. Eu trato o aborto como uma questão de saúde pública, trazendo todas as mazelas sociais para a discussão dessa questão. A lei já prevê alguns casos excepcionais, mas a legislação precisa dar amparo a outras situações. Temos que enfrentar, ampliar esse diálogo”.
Da mesma forma, a pré-candidata defende a necessidade da orientação sexual nas escolas. “Isso não pode ser tabu. O jovem, o adolescente, tem que ter orientação sexual, ele tem que compreender como que se engravida, tanto o menino como a menina. Precisam entender a importância da preservação, seja não fazendo até ter maturidade suficiente, ou fazendo com orientação. E isso tem que ser feito pelo governo, com campanhas. Não podemos nos preocupar em estarmos alertando para sexualidade precocemente, isso será feito de qualquer maneira, mas o professor tem condições de trabalhar da forma correta”.
Em relação ao casamento homossexual, Maria Lucia entende que a luta tem que ser pautada na busca por condições dignas de vida para todos, independente da opção sexual. Para ela, a harmonia social não se dá por meio do discurso, mas sim com uma economia em crescimento, emprego à disposição, casa para todos, comida na mesa, humanidade garantida.
“Isso que tem que nos movimentar e nos indignar. A humanidade não se restringe a questão da sexualidade, o interesse por homem ou mulher é uma questão pessoal, cada um tem que ter liberdade de decidir sobre a vida particular. Temos que respeitar a adversidade e pensar coisas mais profundas. Temos que nos preocupar com o bem estar do outro”, finalizou.